Desde o final de 2019, o Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam ), apoia a Rede Genômica de Vigilância em Saúde (Regesam), formada por órgãos do Estado, instituições de ensino e pesquisa e laboratórios.
Para a presidente da Fapeam, Márcia Perales, o anúncio realizado nesta semana do primeiro sequenciamento do genoma completo do novo coronavírus na região Norte, realizado pelo pesquisador Felipe Naveca, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), revela o alcance da ciência quando é apoiada pelo Estado.
“Neste momento, pesquisadores do mundo todo dedicam seu tempo e conhecimento para investigar o SARS-CoV-2. Conhecer o comportamento desse vírus é possível, por meio da genética, o que demonstra que estamos no caminho certo quando apoiamos as instituições e pesquisadores do Amazonas, para que contribuam ao encontro de soluções de problemas que aflijam a sociedade”, comentou Márcia.
As instituições que formam a Regesam idealizaram a Rede desde 2008. No entanto, apenas em 2019 foram aprovados para receberem recursos para fortalecimento da rede.
“A genômica é uma área do conhecimento que depende de tecnologias avançadas e de equipamentos de alto desempenho para gerar dados necessários para fazer a análise”, disse Kátia Torres, coordenadora da Regesam.
Felipe Naveca ressaltou a importância do trabalho dos pesquisadores da rede e de como suas atividades em genômica necessitam do apoio do estado para acontecerem e anteverem situações como as do contexto do coronavírus.
“A realização do primeiro sequenciamento completo do genoma do novo coronavírus aqui na região norte mostra a importância de termos a rede funcionando. É através dela que vamos conseguir fazer e acompanhar a evolução desse vírus no nosso estado, fazendo outros genomas completos do novo coronavírus, que também vão nos auxiliar a entender a dinâmica de transmissão, como, por exemplo, saber quantas vezes esse vírus foi introduzido no Amazonas”.
Sequenciamento do genoma
O primeiro sequenciamento do genoma completo do SARS-CoV-2 na região norte foi anunciado recentemente pelo pesquisador Felipe Naveca.
O resultado contribui para a ampliação do conhecimento sobre o comportamento do vírus e a pandemia da covid-19, somando-se a outras iniciativas de genômica no país e no mundo.
“As análises iniciais mostraram nove mutações em relação à amostra original de Wuhan na China. Queremos entender se existe relação dessas variações no genoma viral no desfecho da infecção”, explicou o pesquisador.
Segundo ele, o sequenciamento do genoma da amostra do Amazonas já pode ser comparado com outros que circulam no Brasil e no mundo para identificar se existe um marcador de piora ou de melhora do quadro, além de contribuir para o desenvolvimento de uma vacina ou medicamento contra o vírus SARS-CoV-2 .
O depósito do sequenciamento foi feito na base de dados Global Initiative on Sharing All Influenza Data (Gisaid), em https://www.gisaid.org .
Regesam
A Rede iniciou suas atividades neste ano, a partir da assinatura do termo de outorga junto à Fapeam.
No final de 2019, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), a Fundação anunciou apoio a instituições de saúde do Amazonas, por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado Saúde).
A Regesam começa suas atividades já fortalecida pelo trabalho da Fiocruz, que vem confirmar a atuação e capacidade das instituições de saúde no estado de darem respostas, especialmente nessa fase critica da saúde pública.
Pesquisadores e instituições que formam a rede atuam na perspectiva de todas as doenças, em diferentes grupos, seja no trabalho com malária, com tuberculose, com doenças crônicas, associadas à genética ou a outros fatores, como o câncer, visando conhecer melhor a dinâmica de cada doença e a dinâmica dos organismos no enfrentamento das doenças.
Os recursos destinados pela Fapeam à Regesam vão permitir a manutenção de máquinas e equipamentos já existentes, aumentar o arsenal que o estado tem de uso compartilhado desses equipamentos pelas instituições, potencializar o desenvolvimento de mais projetos, potencializar a formação de mestres e doutores, aumentar o número de publicações científicas de alto impacto, dentre outras ações planejadas para quatro anos.
Pró-Estado Saúde
O Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado) tem por objetivo incentivar e consolidar o desenvolvimento da pesquisa científica, tecnológica e inovação nas instituições estaduais do governo, por meio de financiamento de projetos induzidos, com o intuito de promover o desenvolvimento econômico e social do estado.
O programa é de fluxo contínuo direcionado à modernização de infraestrutura para pesquisa. Em 2019, a área de saúde foi considerada prioritária para receber investimentos do programa, que chegaram a R$ 11 milhões para sete projetos, a serem executadas durante quatro anos, com vistas à melhoria dos serviços de saúde ofertados à população amazonense.
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Foto: Érico Xavier/Fapeam