Passam de 700 corpos recolhidos de casas e ruas de cidade equatoriana

Funerárias não conseguem dar conta da demanda de corpos

Equador

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 13/04/2020 às 19:45 | Atualizado em: 13/04/2020 às 19:45

No Equador, o aumento do número de infectados e mortos pelo novo coronavírus levou o sistema de saúde e o serviço funerário ao colapso. De acordo com o governo, força-tarefa criada há três semanas já recolheu mais de 700 corpos de casas e ruas de Guayaquil.

Essa cidade é, dessa forma, o epicentro da pandemia no país. Dessa forma, Guayaquil é a mais fortemente atingida, com cerca de 70% de todos os casos de contaminação (cerca de 4 mil) e mortes do país.

O presidente do Equador, Lenín Moreno, anunciou medidas para superar a crise.

O governo equatoriano assumiu também a tarefa de enterrar os corpos, já que as funerárias não conseguem dar conta. Pelo menos 600 mortos, todos identificados, já foram sepultados.

Por causa dessa situação, o país está em toque de recolher desde 21 de março. Desde então, é permitido sair às ruas apenas entre 5h e 14h.

O primeiro caso de covid-19 foi no dia 29 de fevereiro.

O país, que tem 17 milhões de habitantes, registra até o momento cerca de 7.500 casos confirmados de coronavírus. Desses, 500 pessoas estão recuperadas e com alta médica e 333 falecidos com a confirmação da doença.

No entanto, há ainda outros 338 casos de pessoas consideradas “falecidas provavelmente de covid-19”. Conforme a prefeita de Guayaquil, Cynthia Viteri, não são cerca de 300 os mortos por coronavírus no país, e sim 600.

“Não se consegue fazer os testes antes, (os doentes) morrem sem fazer os testes, e não há espaço para fazer as autópsias e os reconhecimentos dos corpos”.

Segundo a prefeita, estão simplesmente colocando nos atestados de óbito que a morte foi por “alguma doença respiratória”.

O próprio presidente Moreno, portanto, reconhece que há subnotificação, tanto de casos confirmados como de mortes pelo coronavírus.

O aumento rápido no número de infectados acabou por colapsar a rede de assistência médica do país. Com isso, pessoas com outras doenças acabaram morrendo por não receber atendimento adequado.

 

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À procura dos mortos

Consequentemente a esse caos, a força-tarefa tenta ajudar as famílias a encontrar os corpos de seus parentes. As pessoas podem procurar pelos nomes de seus entes em uma página na internet.

Porém, comunicado dá a seguinte mensagem aos equatorianos:

“Se os dados da pessoa não constam nesse registro, isso se deve ao fato de o falecido repousar em um necrotério aguardando ser sepultado nos próximos dias”.

De acordo com a imprensa local, há centenas de equatorianos que buscam há dias localizar os corpos de seus parentes para poder enterrá-los.

Nos últimos dias foram 1.878 mortes, sendo 631 em hospitais, 771 em residências e ainda 476 casos para enterros particulares.

Fonte: Agência Brasil

 

Foto: Juan Faustos/Diario Expreso via EFE/Reprodução_portal R7