Em todas as seis zonas geográficas de Manaus já há registros de contaminados pelo coronavírus (covid-19). Como resultado, a capital tem 1.531 casos confirmados pelas estatísticas oficiais do Governo do Estado. E desses, 127 morreram.
Dessa forma, a capital concentra 84,6% dos contaminados e 87,6% dos mortos pelo coronavírus em todo o estado, que são 145. Manaus, portanto, sofre com alto nível de letalidade, de 8,3%. Para se ter um parâmetro de comparação, esse índice no país é hoje de 6,4%.
Somados aos 22 municípios (de 61) que registram ocorrências da doença, o Amazonas tem hoje, até às 14h deste dia 17, 1.809 contaminados.
Além de tudo isso, a capital apresenta um número crescente de mortos à espera de testes de comprovação do coronavírus. Na quinta eram 31, e hoje subiu para 34.
Para as autoridades de saúde do Amazonas, toda a estatística é muito elevada, e assusta.
“Se a doença continuar com essa progressão, ainda que tenhamos nos antecipado, não conseguiremos dar conta da necessidade de leitos clínicos e de leitos de UTI. Então, evite ser mais um no hospital”, disse a diretora da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Pinto.
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Vírus nas zonas mais populosas
De acordo com a distribuição geográfica dos casos, o vírus avança muito fortemente para as regiões que o sistema de saúde mais temia. São elas as zonas norte e leste, as que juntas respondem por mais de 50% da população de Manaus. Até 2019, a capital tinha 2,18 milhões de habitantes, segundo o IBGE.
O bairro Cidade Nova, na zona norte, por exemplo, já lidera em número de pessoas contaminadas. Tomou essa posição dos bairros Vieiralves e Aleixo, que até ontem eram os cabeças.
Rosemary informou hoje que há, portanto, crescimento expressivo dos registros de contaminações nas unidades de saúde dessas áreas. Citou os hospitais João Lúcio e Platão Araújo, dois dos quatro maiores de Manaus.
“Nós vemos [no mapa] também aquilo que falei há algumas semanas, da nossa grande preocupação com a disseminação do vírus pelas zonas norte e leste”.
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Vizinhança aglomerada
Ela se referia, além da Cidade Nova, a bairros como Jorge Teixeira, Zumbi dos Palmares, Tancredo Neves e Gilberto Mestrinho. Estes são da zona leste e todos já se apresentam com alto número de casos.
Durante toda a semana a mídia, até nacional, mostrou grandes aglomerações em agências bancárias e lotéricas nessa região.
Há ainda um agravante natural na preocupação do sistema de saúde, que é a proximidade dos bairros dessas zonas, as mais populosas da capital.
Bairros fronteiriços, como Cidade de Deus, Novo Aleixo, Nova Cidade, Monte das Oliveiras, já estão com elevado número de infectados pela doença.
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Zona sul, área portuária, há dez dias. Aglomeração e falta de proteção predominam (©BNC Amazonas )
Área central, foco preocupante
Fora do eixo norte-leste, destacam-se em índice de contaminações do coronavírus os bairros Alvorada (zona oeste) e Parque 10 de Novembro (centro-sul).
Porém, o mapa da contaminação mostra que o coronavírus também avança ferozmente pela área central da cidade.
Nela, apesar do comércio fechado e dos barcos sem poder transportar passageiros, ainda há pontos de fortes aglomerações. Por exemplo, no porto e na feira da Manaus Moderna, na orla do rio Negro.
Foto: Vista aérea da bola do Produtor, na zona leste (©BNC Amazonas)