Dos 7,8 milhões de brasileiros que estão a mais de quatro horas de um respirador, mais da metade vive na região amazônica. Referência de atendimento, Santarém, no Pará, tem leitos de UTI lotados e disputas em torno da resposta à pandemia do coronavírus (covid-19).
Dessa forma, a partir do exemplo de Santarém, é possível imaginar a realidade do amazônida para enfrentar o vírus. Apenas metade da população tem acesso a água limpa no maior município paraense, depois da capital, e um dos cem maiores do Brasil.
“A Amazônia recebe a pandemia nas piores condições possíveis”, diz Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde & Alegria, ong que atua há mais de três décadas na região.
“A principal causa de mortalidade infantil aqui é diarreia por água contaminada dos rios. Imagina trabalhar a importância da higiene com a população que não tem torneira em casa.”
O avanço do vírus na região levou o sistema de saúde de Santarém ao colapso, como em Belém e Manaus, principais capitais da região.
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Colapso da saúde
Os 31 leitos de UTI disponíveis estão lotados na cidade-referência de atendimento para mais de 1 milhão de pessoas.
Consequentemente, deslocar paciente vai depender de transporte por helicóptero, o que nem sempre está disponível.
Enquanto no começo da pandemia São Paulo tinha um respirador por 2,4 mil habitantes, em Santarém era 20 mil.
Não raro, pacientes têm que revezar respiradores para garantir o acesso de mais pessoas ao oxigênio.
Contudo, começa a haver também carência de médicos, conforme os que estão na linha de frente adoecem pelo vírus.
Enquanto questões de saúde se transformam em discussões políticas, a pandemia segue seu processo de interiorização na Amazônia.
Santarém está localizada entre Manaus e Belém, que constituem pontos de irradiação do contágio.
Mesmo com lockdown, embarcações irregulares continuam fazendo o transporte de pessoas na região, que tem Santarém como polo de serviços.
No entanto, o principal entrave é a retirada do auxílio emergencial, que gera aglomerações e obriga a população do interior a se deslocar.
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Foto: Ministério do Turismo