Associação indígena aciona STF para evitar genocídio na pandemia
Associação e partidos de esquerda pedem barreiras sanitárias em 31 TIs para impedir a entrada de invasores.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas de Brasília
Publicado em: 30/06/2020 às 19:17 | Atualizado em: 30/06/2020 às 19:17
Com objetivo de evitar um genocídio entre o seu povo, a Apib (Associação dos Povos Indígenas do Brasil) protocolou nesta terça-feira, dia 30, uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal).
Seis partidos da oposição (PSB, PDT, PT, PCdoB, Psol e Rede) no Congresso são coautores da ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental).
No documento de 87 páginas, eles pedem que o governo de Jair Bolsonaro adote um plano emergencial para proteger os povos indígenas do Brasil, em especial os isolados.
Há também um pedido de medida cautelar para que o Supremo determine a imediata adoção do plano.
De forma emergencial, a entidade e os partidos pedem a retirada de invasores das terras indígenas Yanomami, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Kayapó, Araribóia, Munduruku e Trincheira Bacajá.
Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), que elaborou relatório sobre as invasões, houve avanço delas sobre terras indígenas durante a pandemia.
“Garimpeiros, grileiros e desmatadores não paralisaram suas atividades durante a pandemia. Pelo contrário: elas foram intensificadas. A situação é crítica, pois os invasores estão em constante circulação entre as cidades e as TIs (Terras Indígenas) e podem levar o coronavírus para esses territórios”, alertou o ISA.
Barreiras sanitárias
São pedidas barreiras sanitárias em 31 TIs para impedir a entrada de invasores.
Um dos casos mais graves relatados é na TI Uru-Eu-Wau-Wau, onde uma liderança teria sido morta por um invasor.
“A disseminação do coronavírus entre os índios isolados da TI Uru-Eu-Wau-Wau representa risco real de extermínio em massa desses grupos. Em razão disso, é urgente que o Estado brasileiro retire os invasores da TI”, aponta o relatório.
A pandemia de coronavírus tem se alastrado pelas aldeias e já contaminou ao menos 9.414 indígenas, provocando 380 mortes até o momento.
“Bolsonaro segue indiferente às mortes de índios que aumentam a cada dia. A covid-19 pode dizimar comunidades inteiras se nada for feito. A atenção aos indígenas no Brasil é de responsabilidade do governo federal e Bolsonaro não pode continuar se omitindo”, destacou a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC).
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Foto: Divulgação/Apib