Câmara adia eleições; Marcelo Ramos é o único do AM a votar contra

A emenda constitucional, a ser promulgada nesta quinta (2), adia as eleições para dos dias 15 e 29 de novembro.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 01/07/2020 às 20:00 | Atualizado em: 01/07/2020 às 20:02

Em dois turnos de votação, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, dia 1º, a PEC 18/20 (proposta de emenda à Constituição) que adia as eleições municipais deste ano por causa da pandemia.

Os dois turnos eleitorais, inicialmente previstos para os dias 4 e 25 de outubro, serão realizados nos dias 15 e 29 de novembro.

O placar de votação no segundo turno foi de 407 votos a 70. No primeiro turno, foram 402 votos favoráveis e 90 contrários.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que o texto será promulgado pelo Congresso Nacional nesta quinta-feira, dia 2, às 10h.

Dos oito deputados federais do Amazonas, somente Marcelo Ramos (PL) votou contra a medida.

O deputado explicou que votou com seu partido. “Meu partido fechou questão contra a PEC 18 e eu votei contra”, justificou.

 

Deputado Marcelo Ramos (PL-AM)
Foto: Pablo Valadares

 

“Só quem sabe da decisão de quando isso vai acabar é Deus”, disse o líder dos liberais na Casa, deputado Wellington Roberto (PL-PB).

Os partidos do chamado “centrão” sofreram pressão de prefeitos que não querem enfrentar adversários com as suas gestões em dificuldades por causa da pandemia.

PL e PSC foram os únicos a encaminharem votação contra. Outras siglas do grupo como o Progressistas e Republicanos, dos deputados Átila Lins e Silas Câmara, respectivamente, mudaram de posição.

O aceno da cúpula do Congresso para a liberação de R$ 5 bilhões para os municípios e a volta da propaganda partidária de rádio e tevê contribuiu para adesão dos parlamentares à proposta.

 

Municipalista

O decano Átila Lins foi um dos que mudaram de posição. “O partido reconheceu a necessidade do adiamento após ouvir não somente as autoridades do TSE , mas também as autoridades sanitárias”, justificou.

Além disso, o deputado amazonense disse que pediu permissão à liderança do seu partido para consultar prefeitos, vice-prefeitos e lideranças políticas do interior do Amazonas.

“99% dos prefeitos por mim consultados foram favoráveis ao adiamento do pleito. Por causa disso, segui orientação do PP e votei, sim, pelo adiamento das eleições”, explicou.

 

Republicanos

No Republicanos, Silas Câmara disse que fechou com o partido e votou a favor.

O outro deputado da sigla, Capitão Alberto Neto disse que mais importante do que o adiamento são os procedimentos.

Segundo ele, não há muita diferença do prazo de um mês, sendo importante adotar procedimentos rígidos como distância social, uso de máscara e álcool em gel.

Na sua opinião, o adiamento será importante para dar oportunidade ao TSE de se preparar mais para as eleições.

 

PSD

O deputado Sidney Leite (PSD) diz que a situação é de saúde pública e não política-administrativa.

Lembrou que a proposta foi criteriosamente debatida com especialista sob o comando do presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Apesar do pouco conhecimento sobre a doença, o deputado acredita que o pico da contaminação aconteça nos meses de julho, agosto e setembro

“Votei por questão de saúde pública e por tudo que votamos no Congresso em matéria de interesse da vida”, afirmou.

 

Oposição

Pré-candidato a prefeito de Manaus, o deputado José Ricardo achou importante o adiamento das eleições para viabilizar tempo para os candidatos fazerem pré-campanha e campanha.

“O adiamento vai dar condições para os candidatos conversarem com a população com mais segurança e também o próprio eleitor votar com tranquilidade”, disse.

Para ele, o adiamento assegurou o direito à cidadania, ao voto e a participação política. “E ao mesmo tempo o direito à saúde e a vida que na verdade está em primeiro lugar”, justificou.

 

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados