O número de indígenas aldeados contaminados pela covid-19 no Amazonas chega a 2.339, segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), deste sábado (18).
Há, ainda, 63 mortes em decorrência da doença entre a população.
Em um mês, o aumento de infectados foi de 117%, já que os casos confirmados eram de 1.078.
Atualmente, o estado tem, em todo território, mais de 90,9 mil casos confirmados de covid-19 e o total de mortes passa de 3 mil.
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De acordo com o Governo, os casos de covid-19 entre indígenas são contabilizados em sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do estado.
Eles são divididos por critérios territoriais e têm como suporte a ocupação geográfica das comunidades indígenas.
Ao todo, são 27 etnias e 236 aldeias.
Crescimento de casos
Os dados de casos confirmados entre indígenas da região apontam um aumento de 117% em um mês.
Já os casos de mortes entre o grupo também tiveram aumento.
A alta foi de 37% entre 19 de junho e 19 de julho.
Dos casos de contaminação entre a população, a situação é mais crítica no Alto Rio Solimões, com 953 casos e, 28 mortes.
Segundo a Sesai, a população nessa região é de 70.823 indígenas.
Lá, está situado o Vale do Javari, segunda maior terra indígena demarcada do Brasil, com mais de seis mil índios de sete etnias, além de dezenas de grupos de isolados.
Em um mês, a área registrou aumento de 630% em casos confirmados de covid-19.
Em maio deste ano, levantamento do G1, com base em dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), apontou que o Amazonas concentrava quase 60% dos índios infectados no país. Atualmente, o estado concentra 19,7%.
Boletim
O último boletim da SESAI, de sábado (18), mostra que há 11.885 casos confirmados de covid-19 entre indígenas e 230 óbitos.
O número de curados é de 6.788.
Para a representante da etnia Wytoto do Alto Solimões, Vanda Ortega, de 33 anos e que presta serviços voluntários de saúde durante a pandemia, o número de casos entre o grupo é preocupante.
Ela contou que, no início da pandemia no estado, sentiu falta de medidas de enfrentamento da pandemia voltadas aos indígenas.
“Se não fosse as próprias lideranças, acredito que o número de casos de contaminação e mortes eram maiores. Grande parte das ações partiram de cada um de nós [o povo] e das organizações que se preocupam. Recentemente, surgiu uma medida de um ministro para o atual governo tomar providências e evitar mortes entre nós. De forma tardia, mas que faz diferença para o nosso povo”, enfatizou.
A medida a qual era se refere diz respeito a uma lei sancionada, com vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro, no começo do mês, que prevê medidas de proteção aos povos indígenas durante a pandemia.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil