Os fatores que estão ajudando a manter o novo coronavírus (Covid-19) sob controle em Manaus foram tema de debate em matéria do jornal norte-americano The Washington Post, publicada nesta segunda-feira, dia 24.
Cientistas e funcionários públicos de saúde querem entender porque a capital do Amazonas, que nunca impôs um bloqueio ou outras medidas estritas de contenção empregadas com sucesso na Ásia e na Europa, voltou mais cedo com suas atividades nas ruas aos níveis pré-pandêmicos.
“Manaus é um caso interessante, de fato”, disse Jarbas Barbosa da Silva, diretor-assistente da Organização Pan-Americana da Saúde. “A hipótese – e esta é apenas uma hipótese – é que o pico que tivemos em Manaus foi muito forte, e a transmissão comunitária foi tão generalizada que pode ter produzido algum tipo de imunidade coletiva.”
Inicialmente, acreditava-se que entre 60 e 70 por cento da população precisava desenvolver anticorpos para atingir a imunidade coletiva. Mas Guayaquil nunca quebrou 33%. Manaus, capital do estado do Amazonas, nunca passou dos 20.
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Imunidade do rebanho
A ideia de imunidade de rebanho há muito é usada para justificar e explicar o propósito das campanhas de vacinação em massa. Os cientistas conectariam a taxa de transmissão da doença – ou quantas pessoas uma pessoa infectada – em um cálculo para determinar a porcentagem de pessoas que deveriam ser vacinadas. Para doenças particularmente infecciosas, como o sarampo, isso chega a 95 por cento. Para outros, é menor.
Mas os pesquisadores dizem que a imunidade coletiva funciona de maneira diferente em um surto ao vivo. A doença não desaparece simplesmente quando um número mágico é cruzado. Em vez disso, conforme o grupo de vítimas em potencial diminui, a transmissão desacelera até o fim. As políticas de contenção podem reduzir ainda mais a transmissão. Mas, independentemente de serem adotados, uma vez que o grupo de vítimas em potencial atinge uma massa crítica, um ressurgimento explosivo é improvável. Muitas pessoas já teriam contraído a doença.
“Não há uma explicação concreta”, disse Henrique dos Santos Pereira, cientista da Universidade Federal do Amazonas. Talvez haja uma imunidade biológica invisível na população. Ou a relativa juventude da cidade evitou o pior.
“O problema é que não sabemos quantas pessoas são suscetíveis”, disse dos Santos Pereira. “No início, pensávamos que eram todos, mas não parece que o mundo todo seja suscetível. . . . Isso está nos levando a reconsiderar a teoria da imunidade de rebanho ”.
Leia a matéria completa publicada pelo The Washington Post.