FlĂ¡vio Bolsonaro Ă© denunciado pelo MP no esquema das ‘rachadinhas’
O senador e o ex-assessor FabrĂcio Queiroz foram denunciados nesta segunda-feira (28) por peculato, lavagem de dinheiro e organizaĂ§Ă£o criminosa

Publicado em: 28/09/2020 Ă s 18:29 | Atualizado em: 28/09/2020 Ă s 18:32
A partir dos dados das quebras de sigilo bancĂ¡rio e fiscal, o MinistĂ©rio PĂºblico do Rio (MP-RJ) aponta que o senador FlĂ¡vio Bolsonaro (Republicanos-RJ) usou, pelo menos, R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo do esquema da rachadinhas.
Os valores somam os trĂªs mĂ©todos pelo qual o filho do presidente Jair Bolsonaro “lavou” o dinheiro em espĂ©cie.
O senador e o ex-assessor FabrĂcio Queiroz foram denunciados nesta segunda-feira (28) por peculato, lavagem de dinheiro e organizaĂ§Ă£o criminosa.
De acordo com os dados da investigaĂ§Ă£o, foi verificado que a loja de chocolates da qual FlĂ¡vio Ă© sĂ³cio recebeu R$ 1,6 milhĂ£o em espĂ©cie e de “recursos ilĂcitos inseridos artificialmente no patrimĂ´nio da empresa”.
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AlĂ©m disso, outros R$ 261,6 mil foram usados para pagamentos que cobriram despesas do entĂ£o deputado estadual e de sua mulher, Fernanda Bolsonaro.
JĂ¡ o dinheiro em espĂ©cie usado nas transações imobiliĂ¡rias dĂ¡ um total de, pelo menos, R$ 892,6 mil.
Compra de imĂ³veis
Nas transações imobiliĂ¡rias, o MP-RJ descobriu que o casal FlĂ¡vio e Fernanda Bolsonaro declarou em cartĂ³rio ter pago R$ 310 mil por dois apartamentos em Copacabana, em 2012.
No entanto, o procurador dos proprietĂ¡rios, Glenn Dillard, depositou no mesmo dia da venda outros R$ 638,4 mil em dinheiro vivo na prĂ³pria conta.
FlĂ¡vio admitiu ainda, em depoimento aos promotores, que pagou R$ 86,7 mil com dinheiro em espĂ©cie, para duas construtoras durante a aquisiĂ§Ă£o de 12 salas comerciais na Barra da Tijuca, em 2008.
JĂ¡ na compra de um apartamento em Laranjeiras, em 2011, o MinistĂ©rio PĂºblico aponta duas situações de lavagem de dinheiro.
Uma delas Ă© um depĂ³sito de R$ 25 mil feito pelo ex-assessor FabrĂcio Queiroz no dia 15 de agosto de 2011 na conta de Fernanda Bolsonaro para ajudar a bancar a entrada de R$ 110,5 mil do apartamento.
Um boleto de R$ 16,5 mil, das parcelas do financiamento do imĂ³vel, foi quitado pelo PM Diego AmbrĂ³sio, que disse ter sido ressarcido em dinheiro vivo por FlĂ¡vio.
No perĂodo da venda desse imĂ³vel, em 2017, o Coaf detectou 48 depĂ³sitos de R$ 2 mil.
FlĂ¡vio recebeu R$ 100 mil em dinheiro vivo, mas o vendedor alega que nunca fez pagamento de R$ 2 mil e que foram valores superiores a R$ 10 mil.
FlĂ¡vio comprou ainda um outro apartamento em 2014, na Barra da Tijuca, e pagou R$ 30 mil em espĂ©cie por mĂ³veis que estavam dentro da unidade.
Questionado pelo MP sobre o assunto, ele disse que pagou em espĂ©cie porque “tinha uma coisinha guardada em casa, preferi fazer desse jeito”.
Despesas pessoais
No caso das despesas pessoais, o MP-RJ achou imagens de Queiroz pagando as mensalidades escolares das duas filhas de FlĂ¡vio e Fernanda no dia 1º de outubro de 2018, no valor total de R$ 6,9 mil. O pagamento foi feito em espĂ©cie. AlĂ©m disso, outros 114 boletos tambĂ©m foram pagos com dinheiro vivo totalizando R$ 261,6 mil tambĂ©m pagos em dinheiro vivo. Os promotores assinalam ainda que no mesmo perĂodo dos pagamentos nĂ£o ocorreram saques correspondentes nas contas do casal e que apontassem a origem do dinheiro.
Loja de chocolates
Ao fazer um cruzamento dos dados entre os crĂ©ditos declarados pela loja com o faturamento auditado pelo shopping onde ela funciona, o MP-RJ verificou uma diferença de R$ 1,6 milhĂ£o entre 2015 e 2018.
Ao mesmo tempo, a prĂ³pria loja informou que teve uma entrada de valores em dinheiro vivo no seu caixa totalizando R$ 1,7 milhĂ£o, cerca de 37% do total arrecadado pela franquia.
Para o MP, essa diferença entre o total auditado e o declarado é a soma desviada por meio do esquema das rachadinhas da Alerj e inserido na loja ilegalmente.
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Foto: Foto: DivulgaĂ§Ă£o/Senado