OMS condena ‘deixar o vírus circular’ para obter imunidade de rebanho

"A imunidade coletiva se obtém, protegendo as pessoas contra um vírus, e não expondo-as a ele", frisou diretor da OMS

OMS condena 'deixar o vírus circular' para obter imunidade de rebanho

Publicado em: 13/10/2020 às 11:54 | Atualizado em: 13/10/2020 às 12:14

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta segunda-feira (12), que “não é uma opção” deixar o novo coronavírus circular livremente.

Essa ideia tem sido cogitada para que a população adquira imunidade coletiva.

“Nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a uma epidemia, muito menos a uma pandemia. É científica e eticamente problemático”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa.

“Deixar caminho livre para um vírus perigoso, do qual não entendemos tudo, é simplesmente antiético. Não é uma opção”, insistiu.

 

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A pandemia do novo coronavírus causou mais de 1 milhão de mortes no mundo desde que o escritório da OMS na China registrou o aparecimento da doença no final de dezembro.

 

Taxa de letalidade

 

Segundo a OMS, que cita diversos estudos epidemiológicos, sua taxa de letalidade é de aproximadamente 0,6%.

“Há um forte aumento na taxa de mortalidade com a idade, mas, em geral, aproxima-se de 0,6%. Pode parecer pouco, mas é muito mais alto do que para a gripe”, explicou a responsável pela gestão da covid-19 na OMS, Maria Van Kerkhove.

“A grande maioria das pessoas na maioria dos países pode contrair o vírus. As pesquisas de soroprevalência sugerem que, na maioria dos países, menos de 10% da população foi infectada”, detalhou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

 

Imunidade ainda é desconhecida

 

Ele também explicou que o mundo não sabe muito sobre a imunidade das pessoas que contraíram o vírus e ressaltou que alguns indivíduos foram infectados novamente.

“A maioria das pessoas infectadas com o vírus desenvolve uma resposta imunológica nas primeiras semanas, mas não sabemos se essa resposta é forte, ou durável, ou se difere de pessoa para pessoa”, acrescentou.

Tedros ressaltou ainda que o conceito de imunidade de rebanho é utilizado nas campanhas de vacinação e lembrou que, para a varíola, é necessário que 95% da população seja vacinada para que os 5% restantes estejam protegidos.

Para a poliomielite, a taxa é de 80%.

Ele reconheceu que “houve discussões sobre o conceito de alcançar uma suposta imunidade coletiva, permitindo que o vírus se propague”.

Mas “a imunidade coletiva se obtém, protegendo as pessoas contra um vírus, e não expondo-as a ele”, frisou.

 

Vacinas entram na fase III

 

A diretora científica da OMS, Soumya Swaminathan, afirmou que há em torno de 40 potenciais vacinas em ensaios clínicos.

Destas, dez estão na fase III, a etapa final, que permitirá “conhecer sua eficácia e segurança”. Swaminathan considerou que alguns grupos farmacêuticos poderão ter “dados suficientes” desses testes, a partir de dezembro.

 

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Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil