Para cientistas, coronavírus é mais que pandemia, é sindemia

O termo "sindemia" foi cunhado nos anos 1990 pelo antropólogo médico americano Merrill Singer

Publicado em: 15/10/2020 às 16:45 | Atualizado em: 15/10/2020 às 16:45

Um artigo publicado no final do mês de setembro no semanário The Lancet, uma das mais antigas e prestigiadas publicações científicas do mundo, pôs um novo termo no já extenso debate sobre o novo coronavírus.

Em suma, o texto defende que o mundo não enfrenta simplesmente uma pandemia, mas uma “sindemia”.

O artigo é assinado pelo editor-chefe da revista, Richard Horton. Ele argumenta que a covid-19 não é uma peste como outra qualquer já vista no passado. Portanto, a situação merece abordagem diferente.

A partir disso, o termo sindemia, seria mais adequado: o vírus não atua sozinho, mas compactuando com outras doenças. E a desigualdade social tem papel-chave nisso.

“A covid-19 não é uma pandemia. É uma sindemia. A natureza sindêmica da ameaça que enfrentamos significa ser necessária uma abordagem mais diversificada se quisermos proteger a saúde de nossas comunidades”, escreve Horton.

O artigo repercutiu em alguns dos principais meios de comunicação internacionais e ganhou eco no mundo científico. A americana Sociedade de Medicina de Catástrofes e Saúde Pública, por exemplo, defendeu, em artigo intitulado “Covid-19 à Covid-20”, que a resposta institucional à atual crise seja baseada num “pensamento sindêmico, e não pandêmico”.

A palavra “sindemia”, portanto, entra aos poucos no glossário do debate sobre a covid-19. Esta, portanto, ao lado de termos como “lockdown”, “imunidade de rebanho” e “achatar a curva”, antes praticamente desconhecidos do grande público. Mas o que significa exatamente sindemia?

O que é uma sindemia?

O termo “sindemia” foi cunhado nos anos 1990 pelo antropólogo médico americano Merrill Singer. Ele é conhecido por suas pesquisas sobre abuso de substâncias, HIV/aids e disparidades sociais na saúde da população.

Singer definiu a sindemia como “um modelo de saúde que se concentra no complexo biossocial” – ou seja, nos fatores sociais e ambientais que promovem e potencializam os efeitos negativos da interação de uma determinada doença.

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Foto: Divulgação

 

 

 

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