Empresas reagem Ă acusaĂ§Ă£o de “cĂºmplices na destruiĂ§Ă£o” da AmazĂ´nia
Uma das empresas respondeu, por exemplo, que o relatĂ³rio traça cenĂ¡rio de 50 anos atrĂ¡s, e que a realidade de hoje Ă© outra, muito diferente.

Publicado em: 28/10/2020 Ă s 03:09 | Atualizado em: 28/10/2020 Ă s 18:27
Empresas que atuam nos vĂ¡rios ramos da extraĂ§Ă£o das riquezas naturais da AmazĂ´nia reagiram Ă acusaĂ§Ă£o de que sĂ£o cĂºmplices na destruiĂ§Ă£o da regiĂ£o. Acusam-na, ainda, de serem foco de conflitos com povos indĂgenas.
A acusaĂ§Ă£o consta do relatĂ³rio da ArticulaĂ§Ă£o dos Povos IndĂgenas do Brasil (Apib) e da Amazon Watch.
AtĂ© entĂ£o, a Apib vem atacando o governo, acusando-o tambĂ©m de ser o principal responsĂ¡vel por morte de indĂgenas.
Entretanto, ao acusar empresas, a Apib e a Amazon Watch receberam resposta dura acerca do que as acusadas consideram a verdade.
As empresas, contudo, que foram acessadas pela reportagem de Rubens Valente, do UOL, desqualificaram o referido relatĂ³rio.
Uma delas respondeu, por exemplo, que o relatĂ³rio traça cenĂ¡rio de 50 anos atrĂ¡s, e que a realidade de hoje Ă© outra, muito diferente.
Outra empresa, a Vale, uma das 11 acusadas de cĂºmplice da destruiĂ§Ă£o da AmazĂ´nia, foi precisa na reaĂ§Ă£o. Fez um relato a respeito da estrada de ferro CarajĂ¡s, por exemplo.
A Vale argumenta que “desde sua construĂ§Ă£o, no inĂcio da dĂ©cada de 80, realiza atividades de apoio aos povos indĂgenas”.
Entre esse apoio, incluem-se “ações nas Ă¡reas de saĂºde, educaĂ§Ă£o, atividades produtivas, entre outras”.
Diz ainda a Vale que “todas as atividades da ferrovia sĂ£o realizadas em conformidade Ă legislaĂ§Ă£o vigente, respeitando os direitos dessas populações”.

Estrada de ferro CarajĂ¡s
Foto: Vale/divulgaĂ§Ă£o
Esclareceu, por fim, que a estrada de CarajĂ¡s nĂ£o tem influĂªncia nas Terras IndĂgenas AraribĂ³ia e Xikrin do CatetĂ©.
O relatĂ³rio
No relatĂ³rio divulgado nessa terça (27), sĂ£o citadas quatro mineradoras, trĂªs empresas do agronegĂ³cio e quatro do setor elĂ©trico.
“Os casos destacados apresentam conflitos documentados nos quais as atividades (diretas ou indiretas) de uma empresa ameaçam as terras indĂgenas e/ou violam os direitos dos povos indĂgenas na AmazĂ´nia brasileira”, diz o documento.
“Os casos expostos aconteceram nos estados amazĂ´nicos do ParĂ¡, MaranhĂ£o, Mato Grosso, Roraima e Amazonas”.
Cita tambĂ©m as mineradoras Vale, Anglo American, Belo Sun, PotĂ¡ssio do Brasil. Na Ă¡rea do agronegĂ³cio, o relatĂ³rio denuncia as empresas Cargill, JBS e Cosan/RaĂzen.
Outras denunciadas, do total de 11, sĂ£o as companhias de energia Energisa Mato Grosso e Bom Futuro Energia. NĂ£o ficaram de fora a Equatorial Energia MaranhĂ£o e Eletronorte.
O relatĂ³rio de 45 pĂ¡ginas foi produzido a partir de levantamentos do observatĂ³rio jornalĂstico “De Olho Nos Ruralistas”. TambĂ©m contribuiu a instituiĂ§Ă£o holandesa de pesquisa Profundo.
Para chegar Ă lista das 11 empresas, o levantamento primeiro partiu dos processos judiciais registrados no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª RegiĂ£o.
Leia mais:
TCU libera privatizar linhas de transmissĂ£o de energia no Amazonas
O acesso tambĂ©m foi por procedimentos em andamento no MinistĂ©rio PĂºblico Federal. Foi criada, ainda, uma base de dados com 797 casos judicializados.
Os dados foram complementados com informações e documentos de operações realizadas pela PolĂcia Federal de 2018 a 2020.
Nesses documentos, contavam operações contra desmatamentos e invasões de terras indĂgenas. AlĂ©m disso, havia tambĂ©m denĂºncias e entrevistas com lideranças do movimento indĂgena.Â
Leia a resposta de outras empresas no UOLÂ
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Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil – 28/5/2019Â
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