Após coletiva, ministro da Justiça contradiz governo do Amazonas sobre massacre em presídio

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 03/01/2017 às 11:37 | Atualizado em: 03/01/2017 às 11:50
O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, afirmou, em entrevista à Rádio Estadão na manhã desta terça-feira, dia 3, que o massacre que deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, não pode ser explicado simplesmente por uma guerra entre facções criminosas. Com a afirmação, o ministro contradiz as autoridades de segurança pública do Estado que mantém a tese que o motivo das mortes seja uma disputa entre facções pelo controle do tráfico de drogas.
Na noite desta segunda-feira (2), quando participou de entrevista coletiva com o governador José Melo (Pros), o ministro sequer fez uma afirmação contundente sobre a crise penitenciária no Estado, limitando-se apenas a dizer que o Amazonas receberá recursos do fundo penitenciário. A rebelião que resultou nas mortes foi atribuída por uma ação do grupo Família do Norte (FDN), ligado ao Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, contra membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), com liderança em São Paulo.
Segundo a Agência Estado, o ministro, relativizou a guerra entre os grupos como causa do massacre. “Isso tem uma questão muito mais profunda, que é a entrada de armas nas penitenciárias, em virtude da corrupção, e a possibilidade de presos perigosos ficarem submetendo, independentemente de facções, outros presos”, disse o ministro. “Dos 56 mortos, menos da metade tinha ligação com alguma facção ou organização criminosa”, afirmou.
Ele também afirmou que não prevê retaliação do PCC ao massacre causado na madrugada de domingo, 1º, para segunda-feira, 2. Reportagem do Estado desta terça-feira afirma que detentos ligados ao PCC estão recebendo ameaças de morte.
Transferência de líderes
Moraes voltou a garantir que os líderes responsáveis pelas mortes em Manaus vão ser transferidos para presídios federais de segurança máxima e que o governo está auxiliando de forma emergencial na identificação das vítimas.
O ministro informou ainda que o Estado do Amazonas poderá usar R$ 45 milhões recebidos na semana passada para abrir 1,8 mil vagas prisionais e separar os presos pela periculosidade. Moraes disse que esse deve ser o critério do envio de presos a outras unidades, e não se são integrantes de uma facção. Confira a reportagem do Estadão
Com informações da Agência Estado
Foto: BNC