Vacina chinesa é liberada para testes sob Bolsonaro criticado

Presidente escreveu, em uma rede social, que a suspensão dos testes da CoronaVac era "mais uma que Jair Bolsonaro ganha".

Butantan recebe insumos para produzir 8,7 milhões de doses de vacina

Publicado em: 11/11/2020 às 13:44 | Atualizado em: 11/11/2020 às 13:48

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, nesta quarta-feira (11), que os testes da CoronaVac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac para a Covid-19, serão retomados no Brasil.

” A ANVISA informa que acaba de autorizar a retomada do estudo clínico relacionado à vacina Coronavac, que tem como patrocinador o Instituto Butantan”, disse a agência, em nota.

Os testes haviam sido suspensos pela Anvisa, há dois dias, por causa da morte de um dos voluntários.

Segundo a nota divulgada pela agência nesta quarta (11), o “evento adverso grave” que levou à suspensão ainda está sendo investigado.

 

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A Anvisa informou que “não está divulgando a natureza” do ocorrido em respeito à privacidade e integridade dos voluntários de pesquisa”.

“A ANVISA entende que tem subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação e segue acompanhando a investigação do desfecho do caso para que seja definida a possível relação de causalidade entre o EAG [evento adverso grave] inesperado e a vacina”, diz a nota.

A pausa nos testes da CoronaVac foi motivo de disputa entre a agência e o Butantan na terça-feira (10).

O presidente Jair Bolsonaro também deu declarações sobre o caso, criticando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político.

Em setembro, Doria assinou o acordo entre o Butantan, instituição pública ligada à Secretaria de Saúde de São Paulo, e a Sinovac, para comprar a CoronaVac e transferir a tecnologia de produção para o Brasil.

Em nota, o diretor do Butantan, Dimas Covas, respondeu que a retomada dos testes é “uma excelente notícia” e que espera continuar o estudo “o mais rapidamente possível”.

 

Declarações do presidente

 

A disputa também envolve o presidente Jair Bolsonaro.

Na terça-feira (10) – portanto depois que o diretor do Butantan havia dito que o evento adverso se tratava de uma morte – , o presidente escreveu, em uma rede social, que a suspensão dos testes da CoronaVac era “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu Bolsonaro.

No texto, o presidente se refere a João Doria (PSDB), governador de São Paulo. A referência se deve ao fato de que o acordo que foi firmado entre o Butantan e o laboratório Sinovac foi assinado pelo governador, já que o instituto, público, é vinculado à Secretaria de Saúde de São Paulo. O trato previa a compra de 46 milhões de doses da vacina e a transferência de tecnologia para o Brasil, para que o Butantan pudesse produzir a CoronaVac em solo brasileiro.

O acordo entre Butantan e Sinovac já havia sido motivo de disputa entre o governo estadual de São Paulo e o governo federal. No fim de outubro, o Ministério da Saúde anunciou que compraria a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês. A negociação, entretanto, foi desautorizada por Bolsonaro.

 

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Foto: Divulgação/Instituto Butantan