Em descompasso ao espírito público que se espera neste momento, em que o Amazonas entra em colapso por causa de uma doença ainda muito desconhecida pela própria ciência, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB) deixou hoje (14) o silêncio do fim de mandato para responsabilizar e canalizar sua raiva contra o governador do estado, Wilson Lima (PSC).
Ele que, com motivações eleitorais, fechou um hospital de campanha, montado com doações de empresas privadas, surgiu com vil oportunismo para pedir o impeachment do governador. Além disso, para acusá-lo de assassinato, uma palavra que tem frequentado sua casa desde o fim de setembro de 2019.
Arthur teve a oportunidade de preparar Manaus para enfrentar a covid, mas negou-se a fazer sua parte como chefe maior do município. Mostra disso são as UBS (unidades básicas), mostradas nesta semana ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em condições de penúria.
Neste momento de sofrimento da população, de dor, de comoção, não é a retórica cansada, manjada, que vai resolver.
Diante de tanta dificuldade, o que menos o Amazonas precisa é de incitações contra alvos e nomes. A continuar isso, o que virá à tona será a indiferença e motivações torpes para precipitar processos que têm seus cursos regulares.
O que se espera são iniciativas altruístas, de pessoas que em momentos como o que vive o Amazonas se colocam acima de diferenças e mágoas particulares. Como faz o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Ele, que já teve homéricos embates contra a Zona Franca de Manaus (ZFM), quando senador, foi o primeiro a estender as mãos aos amazonenses.
Caiado abriu os hospitais de seu estado para receber pacientes de coronavírus do Amazonas. Despiu-se, assim, das vaidades do poder e mostrou o tipo de carne que emerge das torturas.
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