Faro (PA), vizinho a Parintins (AM), agoniza com falta de oxigênio
Localizado no oeste do Pará, Faro vive o mesmo problema que vivenciou a capital do Amazonas.

Aguinaldo Rodrigues, da Redação do BNC AMAZONAS
Publicado em: 19/01/2021 às 08:04 | Atualizado em: 19/01/2021 às 11:39
Na divisa com o Amazonas, Faro, no Pará, agoniza com a falta de oxigênio e leva à corrida a municípios vizinhos para salvar as vítimas do coronavírus (covid-19). A cidade é vizinha aos municípios amazonenses de Nhamundá e Parintins.
Localizado no oeste do Pará, Faro vive o mesmo problema que vivenciou a capital do Amazonas (a 380 quilômetros). A semana começou com 37 pacientes internados dividindo 11 balas de oxigênio para tentar salvar a vida dos doentes.
O assunto repercutiu na mídia internacional.
O El País, traz reportagem sobre o assunto e destaca o colapso que atinge o município do oeste do Pará, em que Faro agoniza com a falta de oxigênio.
A reportagem aponta a alta de registros de covid-19 após as festas de fim de ano e a escassez de infraestrutura e equipamentos levaram ao limite o serviço de atendimento do local, que já precisa pedir ajuda às cidades vizinhas e recorrer a doações.
“Nossa reserva de oxigênio está zerada. Temos 37 pacientes internados dividindo 11 balas de oxigênio para que nenhuma vida seja perdida. Estamos pedindo remédios emprestados, oxigênio, não temos recursos. Hoje dependemos de doações, estamos entrando em desespero”, afirma Thiago Azevedo, secretário de Governo da Prefeitura de Faro.
Atualmente, o município do Pará, de cerca de 8.000 habitantes, conta com 159 casos ativos da doença. O secretário explica ainda que a logística de chegada de oxigênio na cidade também é complexa e que o local acaba sendo mais dependente dos serviços de Manaus (a 380 km), epicentro da doença, onde uma nova cepa do coronavírus circula, do que da capital Belém (a mais de 900 km).
Distrito de Nova Maracanã
A reportagem de Heloisa Mendonça também mostra a realidade do distrito de Nova Maracanã, com cerca de 1.200 moradores, é o que atravessa a situação mais grave no município, e que agoniza com a falta de oxigênio.
“A comunidade é a que fica mais perto da divisa com o Amazonas, houve muita circulação de familiares, viagens a Manaus. Foi onde o surto começou e se concentra, 80% dos casos são do distrito”, diz Azevedo.
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Nova Maracanã a situação é precária e de bastante improvisação. Colchões foram colocados em cima das cadeiras e bancos de espera do local e transformados em leitos. Outros foram colocados em mesas de madeira e até cadeiras de uso odontológico são utilizadas como macas para atender os pacientes.
O estudante de Serviço Social Yuri Ramos tem participado de um movimento para arrecadar recursos para comprar medicamentos e doações como colchões.
“Atualmente estão dividindo para três uma ampola que era para apenas um paciente. A situação é crítica. De quinta sábado morreram duas pessoas, a gente vai se ajudando como pode”, diz o estudante, que explica que alimentos também estão sendo doados para as famílias de pacientes que aguardam na frente do centro médico.
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Foto: Divulgação