O prefeito de Parintins (AM), Bi Garcia (DEM), descreveu como um estado de guerra o trabalho das prefeituras do interior do Estado para garantir oxigênio em seus municípios para tratar pacientes com covid-19.
Ele relatou uma situação vivida pelo represente de Parintins ao tentar obter o produto, em Manaus, ontem.
Segundo Garcia, a carga só foi retirada após bate boca e vias de fato com moradores e servidores da Prefeitura de Tefé (AM).
Eles também estavam lá em busca do produto no depósito do Estado, na capital.
Foi preciso, disse, uma escolta policial para resolver o impasse.
Picapes para Manaus de meia e meia hora
Parintins não é caso isolado.
“Manacapuru ainda não precisou de um confronto físico, mas, se articulação for sinômino de guerra, enfrentamos uma”, disso o secretário de Saúde do Município, Rodrigo Balbi.
Segundo ele, para não faltar oxigênio, a prefeitura passou a enviar para Manaus, a cada meia hora, picapes com dez cilindros.
Elas passam o dia todo fazendo essas viagens de cerca de 200 quilômetros para ir e volta à cidade.
Guerra contra distância
Manicoré (AM), polo do rio Juruá, sua guerra é contra o isolamento. Com casos da covid-19 crescendo, o município precisa comprar oxigênio o mais perto possível.
Nesse caso, o ponto mais perto de abastecimento é Rio Branco, no Acre. Também é pelo Acre a logística mais rápida para suprir Eirunepé: “apenas cinco dias”.
Sim, “apenas cinco dias”, porque para Manaus só se pode transportar cilindros de oxigênio de bolsa e uma viagem demora até 20 dias, ou seja, quase um mês e meio para ir e voltar.
Por Rio Branco, a viagem demora cinco dias. Ela sai de Rio Branco por estrada até Feijó e dessa cidade acreana, de barco, até Eirunepé.
Interiorização da pandemia
Os dados da Fundação de Vigilância em Saúde sobre a pandemia mostram que a doença está se interiorizando, assim como aconteceu no primeiro pico.
Mostra disso, por exemplo, é que o número de óbitos, em Parintins, cresceu 275% nas últimas semanas.
Na mesma região, baixo Amazonas, Barreirinha registrou disparada de casos no período de 221%.
Manacapuru, na região Metropolitana de Manaus, teve um aumento de mortes pela covid-19 de 375% e uma explosão de casos novos de quase 300% (290%).
Foto: Colaboração de internauta que enviou registro da operação que a Prefeitura de Eirunepé montou em Feijó para embarcar o produto para o Amazonas