Bolsonaro, enfim, diz que vai comprar 54 milhões de doses da Coronavac
Para que as doses adicionais sejam envasadas, ainda Ă© necessĂ¡ria a chegada de matĂ©ria-prima vinda da China – autoridades estimam que isso deve acontecer atĂ© a 3 de fevereiro

Publicado em: 29/01/2021 Ă s 19:20 | Atualizado em: 29/01/2021 Ă s 19:20
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta sexta-feira (29) que o governo federal se manifestou sobre a compra do lote com 54 milhões de doses da CoronaVac e deve assinar contrato na terça-feira (2).
“Com relaĂ§Ă£o Ă contrataĂ§Ă£o adicional das 54 milhões de doses, hoje, alguns minutos atrĂ¡s, eu recebi uma comunicaĂ§Ă£o da pessoa responsĂ¡vel pelo departamento de logĂstica do MinistĂ©rio da SaĂºde, avisando que o contrato serĂ¡ assinado na terça-feira da prĂ³xima semana. É uma notĂcia que todos nĂ³s estamos aguardando, e esperamos que se concretize na prĂ³xima terça-feira”, disse.
Na quinta-feira (28), Dimas Covas chegou a dizer que se o governo nĂ£o se manifestasse, o instituto negociaria diretamente com estados e municĂpios. Um dia antes, na quarta (27), Dimas afirmou que o lote poderia ser exportado para paĂses que jĂ¡ manifestaram interesse na compra.
Nesta sexta, o diretor falou que a exportaĂ§Ă£o de doses para outros paĂses nĂ£o interfere no cronograma de vacinaĂ§Ă£o do Brasil.
“Com relaĂ§Ă£o aos fornecimentos de vacinas para os paĂses, trouxe uma certa confusĂ£o em decorrĂªncia atĂ© na minha fala na Ăºltima coletiva. Na realidade, o abastecimento desses paĂses Ă© um contrato entre Sinovac, Butantan e os paĂses, e ele Ă© adicional ao quantitativo de doses que se discute para o Brasil. Nesse momento a Sinovac disponibilizou 500 mil doses para esses paĂses, doses prontas, e essas doses serĂ£o liberadas assim que assinem o contrato. Isso nĂ£o interfere no cronograma do Brasil, isso nĂ£o Ă© competitivo com a vacinaĂ§Ă£o no Brasil”, disse.
Em nota na noite desta sexta (29), o MinistĂ©rio da SaĂºde confirmou a opĂ§Ă£o de compra das 54 milhões de doses da vacina do Butantan e afirmou que “irĂ¡ firmar o contrato de compra das doses junto Ă FundaĂ§Ă£o na semana que vem”.
“Junto aos 46 milhões de doses jĂ¡ adquiridas, o Governo Federal garante, com antecedĂªncia, 100 milhões de doses da Coronavac ao Plano Nacional de Imunizações (PNI). O MinistĂ©rio da SaĂºde irĂ¡ firmar o contrato de compra das doses junto Ă FundaĂ§Ă£o na semana que vem. AlĂ©m disso, a pasta estĂ¡ solicitando a antecipaĂ§Ă£o do registro da vacina junto Ă Anvisa, para ampliar a vacinaĂ§Ă£o para toda a populaĂ§Ă£o brasileira”, afirmou a nota.
Acordo
O contrato para a inclusĂ£o da vacina no Plano Nacional de ImunizaĂ§Ă£o (PNI) prevĂª a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, com entrega atĂ© 30 de abril, mas com a previsĂ£o dessa solicitaĂ§Ă£o de outras 54 milhões de doses, totalizando 100 milhões. A vacina contra a Covid-19 Ă© produzida em parceria pelo Butantan e pela farmacĂªutica chinesa Sinovac.
Pelo contrato, o MinistĂ©rio da SaĂºde podia manifestar o interesse pelo segundo lote atĂ© 30 dias apĂ³s a entrega de todas as doses do primeiro.
PressĂ£o
Questionado se o Butantan pressionou o governo federal, jĂ¡ que o MinistĂ©rio da SaĂºde podia se manifestar atĂ© 30 de maio, conforme o contrato, Dimas Covas argumentou na quinta-feira que, alĂ©m da alta demanda pela vacina era preciso um planejamento para garantir insumos.
“É necessĂ¡rio que o ministĂ©rio [da SaĂºde] se pronuncie porque estamos no fim de janeiro, e esta produĂ§Ă£o estaria prevista para o inĂcio de abril, portanto nĂ£o haverĂ¡ tempo para negociarmos com a nossa parceira em relaĂ§Ă£o Ă matĂ©ria-prima se nĂ£o houver essa manifestaĂ§Ă£o”, disse o diretor do Instituto Butantan.
“É apenas essa a questĂ£o. NĂ£o estamos pressionando de forma alguma, lembrando que essa Ă© uma vacina mundial, nĂ£o Ă© sĂ³ para o Brasil. É uma vacina para o mundo inteiro. Ela jĂ¡ estĂ¡ sendo usada em vĂ¡rios paĂses, começa a ser usada ainda mais intensamente nesta semana no Chile, e entĂ£o a demanda estĂ¡ muito aquecida e precisamos nos preparar”, completou.
AtĂ© o momento, foram entregues pelo Butantan 6 milhões de doses que chegaram prontas da China e uma parte de 4,1 milhões que foram envasadas no Brasil e liberadas apĂ³s um segundo pedido de uso emergencial feito Ă AgĂªncia Nacional de VigilĂ¢ncia SanitĂ¡ria (Anvisa).
Para que as doses adicionais sejam envasadas, ainda Ă© necessĂ¡ria a chegada de matĂ©ria-prima vinda da China – autoridades estimam que isso deve acontecer atĂ© a 3 de fevereiro.
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Foto: divulgaĂ§Ă£o