A deputada federal Professora Marcivânia (PCdoB-AP) denunciou, nesta terça-feira (2), que pacientes com coronavírus (covid-19) de Manaus estão sendo transportados para Macapá (AP) sem que as autoridades de saúde daquele estado tenham sido informadas.
Trata-se de três mulheres que foram transferidas de Manaus por meio de UTI aérea para um hospital particular da capital amapaense (Unimed Fama).
Duas morreram nos dias 21 e 28: uma de 84 anos e outra de 71. A terceira paciente, de 33 anos, segue internada.
No último final de semana, o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), informou nas suas redes sociais que a Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) identificou os pacientes.
De acordo com ele, as transferências podem configurar nos crimes de infração de medida sanitária e atentado à saúde pública.
O governo acionou o Ministério da Saúde, o Ministério Público Federal (MPF) e o Estadual (MPE).
O MP-AP, que já pediu explicações ao hospital, informou que a maior preocupação é saber se todas as medidas sanitárias e de isolamento foram tomadas, em razão da nova variante do coronavírus que causa a covid, encontrada no Japão e no Amazonas no início do mês passado.
A empresa comunicou ao MP que notificou o Ministério da Saúde sobre a transferência.
“Então o Ministério da Saúde sabia e não avisou as autoridades sanitárias do Amapá? Seria essa mais uma demonstração de descaso do governo federal com os estados?”, questionou a deputada.
Ela ainda alertou que o Amapá possui uma estrutura de saúde incipiente, que pode colapsar em pouco tempo.
“Assim como o Amapá, há inúmeros estados que podem sofrer a mesma coisa. O parlamento não pode permitir que isso ocorra e é seu dever pressionar o governo federal a prestar o suporte necessário aos demais entes da federação”, defendeu.
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O epidemiologista Jesem Orellana , da Fiocruz/Amazônia, classificou o episódio como uma “bagunça”.
“Esse é outro ponto, mandam as pessoas esquecendo que não terão o mesmo apoio de sua rede familiar em outros estados”, disse.
Unimed
Em nota, a Unimed informou que os hospitais credenciados estavam com seus leitos lotados e sem capacidade de atender nenhum novo paciente.
Além disso, havia a falta de oxigênio em Manaus. De acordo com a empresa, o transporte aéreo-médico (UTI Aérea) foi realizado em aeronaves autorizadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac ), “obedecendo a todos os protocolos médico-sanitários e de segurança”.
“Esses pacientes já estavam internados e em tratamento hospitalar, com as devidas Notificações Compulsórias para Covid-19, imediatamente realizadas pelos estabelecimentos que suspeitavam ou confirmaram o diagnóstico, no caso os hospitais de origem, onde se encontravam até o momento da transferência”, justificou.
Foto: Governo do Amapá