Amazonas e S.Paulo são estados com mais mortes de jornalistas pela covid

No caso do Amazonas, os números assustam porque o estado possui uma população dez vezes menor do que São Paulo

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Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 12/02/2021 às 18:34 | Atualizado em: 12/02/2021 às 19:56

Desde o início da pandemia do coronavírus (covid-19) até o mês passado, 94 jornalistas morreram no Brasil em decorrência da doença. Os estados do Amazonas e São Paulo encabeçam a lista com maior número de registros, 14 mortes em cada.

No caso do Amazonas, os números são assustadores. Isso porque o estado possui uma população dez vezes menor (4,2 milhões contra 44,6 milhões) do que São Paulo.

“Das 14 mortes no estado, 64% delas (nove casos) ocorreram apenas no mês de janeiro deste ano. Ou seja, em somente 31 dias, morreram no Amazonas 50% mais jornalistas do que somado os 10 meses anteriores da pandemia”, diz pesquisa divulgada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

De acordo com a entidade, o estado se tornou, nas últimas semanas, símbolo da falência dos poderes públicos, em especial na esfera federal, no combate à pandemia”.

A Paraíba, com uma população quase idêntica (4 milhões de habitantes), registrou cinco mortes de jornalistas por covid-19, 35,7% do total de casos do Amazonas.

“São Paulo é o estado com o maior número de casos, o que se explica pelo fato de ser o ente mais populoso da União. Rio de Janeiro, com nove óbitos, e Paraná, com oito, completam a lista dos estados com maior número de casos fatais na categoria”.

Governo Bolsonaro

O diretor do Departamento de Saúde e coordenador da pesquisa, Norian Segatto, disse que os números são assustadores, mas ainda podem estar subestimados.

“Não existe um mecanismo oficial de registro dos casos e nem sempre a morte do profissional de imprensa é noticiada”, explicou.

Para a Fenaj, o maior responsável por esses números é o governo de Jair Bolsonaro, por sua política genocida, que em vez de combater contribuiu para o avanço da pandemia no país.

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A entidade também diz que as empresas de comunicação têm sua parcela de culpa ao expor trabalhadores a condições não seguras.

Conforme o diretor, há entre a categoria uma minoria de profissionais que compactua com a tese da “gripezinha” e ajuda a disseminar desinformações para a população.

“Às famílias, amigos, colegas de trabalho de todas as vítimas da covid-19, em especial dos trabalhadores da imprensa, nosso mais profundo pesar. Elas não são apenas números de uma macabra estatística, são pessoas, que viram ceifados sonhos, futuro, vida”, afirmou.

Foto: Meire Santos/Fenaj/arquivo