A recuperação da BR-319 têm sido uma das prioridades de investimentos do Governo de Jair Bolsonaro.
A rodovia federal que liga Manaus(AM) a Porto Velho(RO) fez parte de um plano de governo chamada “Marcha para o Oeste”, desenvolvido no fim dos anos 30 na Era Vargas. Esta iniciativa tinha objetivo de ligar a Amazônia ao restante do Brasil, sendo principal plano do governo durante a ditadura militar, aberta e construída entre 1968 e 1976.
Defensor do regime militar, Bolsonaro tem nas mãos a prova de fogo, na área de infraestrutura na Região Norte, com a BR-319, “legado” do militares.
No entanto, o desafio é muito maior do que se imagina, pelo seguinte detalhe: o mesmo governo recordista em desmatamento da Amazônia e que fala em passar a boiada sobre regras ambientais pretende transformar a obra em uma prova de que o Brasil é capaz de conciliar desenvolvimento econômico à necessidade de preservação.
“O nosso plano é que a rodovia seja um grande cartão de visitas para mostrar ao mundo o nosso respeito ao meio ambiente. Será um modelo para provar que é possível equilibrar os três pilares do desenvolvimento econômico, o social e o ambiental”, declara o secretário nacional de Transportes Terrestres, coronel Marcello da Costa.
Complexidade da BR
Governos anteriores chegaram a desistir de executar algo semelhante a proposta do Ministério da Infraestrutura do Governo Bolsonaro. Isso ocorreu pela complexidade da obra e delicadeza de abrir caminha na parte mais intocada da floresta.
A reconstrução da BR-319 fez parte do programa de governos Fernando Henrique Cardoso (FHC), Luís Inácio Lula da Silva (Lula). No entanto, jamais saiu do papel.
Na atual gestão, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, já recapeou mais 2.500 quilômetros de rodovias pelo Brasil afora. Entretanto, nada se compara a empreitada na região Amazônica.
Bolsonaro e Tarcísio já anunciaram que 52 quilômetros devem ser concluídos até 2022. O objetivo é apresentar em propaganda eleitoral.
Além disso, a ideia é também iniciar até lá os trabalhos em outro trecho maior, de 405 quilômetros.
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Custo
No total, a repavimentação deve custar 1 bilhão de reais. Mas o maior impedimento para execução é uma área intacta da floresta, onde a rodovia dá acesso. Trata-se, portanto, de um santuário de animais e plantas ameaçados de extinção. Como por exemplo, a onça pintada, a castanha-da-amazônia, além de dezenas de comunidades indígenas.
Só é possível avançar na obra, com estudo aprofundado de impacto ambiental. A demora para o término desse documento foi de onze anos, entregue em agosto de 2020 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O trabalho está sendo analisado pela técnica do Ibama para liberação do licenciamento do restante da obra.
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Foto: Reprodução/TV