Biometria médica será exigida; entidades reagem a ministro

Publicado em: 16/07/2017 às 17:44 | Atualizado em: 16/07/2017 às 17:44

O ministro da Saúde, Ricardo Barros (foto), afirmou, nesta semana, que o governo quer informatizar todas as Unidades Básicas de Saúde até o final de 2018. Um dos itens a ser implantados, segundo ele, é a biometria para o controle de horário dos médicos.

“A biometria vai servir para que todos cumpram seus horários de trabalho”, afirmou o ministro.

Barros defendeu, no entanto, que os governos paguem salários mais altos, para incentivar os profissionais a trabalharem na saúde pública e cumprirem os horários determinados.

“Vamos parar de fingir que pagamos médicos e os médicos vão parar de fingir que trabalham”, completou o ministro durante cerimônia no Palácio do Planalto.

Entidades médicas reagiram à declaração do ministro.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) classificou as declarações como pejorativas, inadequadas e reflexo da incapacidade de autoridades em responder às necessidades da população.

Para o presidente do CFM, Carlos Vital, as afirmações de Barros são lastimáveis. “Não é justo com a classe médica”

Vital disse não ser contrário à adoção da biometria, mas observou que a medida, se de fato implementada, deveria valer para todos os funcionários.

A Federação Médica Brasileira atribuiu as críticas ao “desespero de tentar salvar um governo afundado em denúncias de corrupção”.

A Associação Médica Brasileira (AMB) cobrou retratação e informou que “o ministro mostra absoluta falta de conhecimento sobre funcionamento e entraves no sistema”.

O ministro apontou que em municípios que já implantaram a biometria nas Unidades Básicas de Saúde, o índice de médicos que pedem demissão porque não conseguem cumprir as horas previstas no contrato é de 50%.

 

Ações civis

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou, entre maio e o início de junho, ações civis públicas contra sete prefeituras da região de Ribeirão Preto (SP) após detectar irregularidades no controle da jornada de trabalho de médicos e dentistas que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A Procuradoria Federal acionou a Justiça depois que os municípios não corrigiram problemas constatados em inquéritos civis, como falta de controle biométrico, de certidões de não atendimento e da ausência de transparência das escalas e frequências dos profissionais.

As falhas foram constatadas em Serrana (SP), Viradouro (SP), Sales Oliveira (SP), Jardinópolis (SP), Cássia dos Coqueiros (SP), Vista Alegre do Alto (SP) e Cajuru (SP).

O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Lavínio Camarim (foto), disse que no interior “profissionais têm tido a tolerância de ficar até quatro meses sem remuneração” e o governo tenta passar para os médicos “a responsabilidade de mau atendimento”.

Fonte: G1 e JC Online

 

Foto:  Agência Brasil e Jornal de Franca