Operadora de saúde é multada em R$ 468 mil por uso da cloroquina
A operadora HapVida respondeu ao MP-CE que nunca pressionou seus médicos a prescreverem uma determinada medicação aos pacientes

Publicado em: 27/04/2021 às 22:21 | Atualizado em: 28/04/2021 às 12:18
A operadora de saúde HapVida foi multada em R$ 468 mil pelo Ministério Público Estadual do Ceará (MP-CE) por forçar seus médicos a receitarem a cloroquina ou a hidroxicloroquina a seus pacientes. Ao menos é esta a denúncia publicada pela BBC News Brasil.
A operadora é uma das maiores da área de saúde privada do país.
A decisão administrativa, da segunda-feira (26), foi tomada após relatos de um médico que prestou serviços à operadora de saúde e de uma paciente, que disse ter sido orientada a tomar hidroxicloroquina mesmo sem ter um diagnóstico da covid (coronavírus).
A BBC News Brasil procurou a HapVida ao longo do dia para comentar o assunto, mas até o fechamento desta reportagem não havia recebido resposta. Assim que houver um posicionamento, ele será acrescentado ao texto.
Denúncias
Conforme mostrado por reportagem da BBC News Brasil em agosto passado, médicos de diferentes regiões do país relatam que a empresa impõe a prescrição de hidroxicloroquina a pacientes com suspeita ou confirmação de covid.
O medicamento é parte de um “kit” que foi defendido por alguns setores, sem qualquer comprovação científica, como “tratamento precoce”.
Outro lado
Ao MP-CE, a HapVida afirmou que nunca pressionou seus médicos a prescreverem uma determinada medicação aos pacientes.
A empresa tem o prazo de 10 dias para se manifestar contra a decisão administrativa.
Em maio de 2020, a operadora de saúde anunciou que havia adquirido milhares de unidades de hidroxicloroquina e passou a entregá-las gratuitamente aos seus clientes.
Conforme médicos ouvidos pela reportagem, foi nesse período que a pressão para a prescrição do fármaco aumentou.
Eficácia da cloroquina
A cloroquina e o seu derivado, a hidroxicloroquina, são medicamentos usados para tratar doenças como lúpus, artrite, reumatoide e malária.
Desde o ano passado, estudos apontam a ineficácia desses fármacos para o combate à covid-19.
Apesar disso, diversos médicos e empresas continuam defendendo o uso desses remédios para combater a doença causada pelo novo coronavírus.
Nota
A empresa confirma que foi notificada pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) do Estado do Ceará e sempre respeitou a soberania médica quando o objetivo é salvar vidas.
A empresa atua em conformidade com as diretrizes do Conselho Federal de Medicina (CFM) para os tratamentos contra a Covid-19. Para a empresa, cada vida importa e seguirá firme no combate ao vírus.
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Foto: Agência Paraná/divulgação