O coronel da reserva Marcelo Pimentel é uma das vozes mais críticas ao envolvimento das Forças Armadas no governo Jair Bolsonaro .
De volta ao comando do país, ele diz que esses militares agora estão se preparando para se manter no poder, “com ou sem Bolsonaro”.
Pimentel é um dos maiores críticos da crescente politização militar. De acordo com ele, as baixas patentes seguem exemplo que vem de cima, dos generais que formam um “Partido Militar”, que articulou a eleição do presidente para chegar ao governo sem ruptura institucional.
Conforme publicou o UOL , ele conta sobre uma conversa que teve com um tenente sobre como vários dos colegas com quem tinha servido estavam no governo.
“O tenente disse: ‘É, realmente, houve um aparelhamento, mas o outro lado, quando governava, fazia o mesmo’. Na hora nem percebi, mas depois vi que ele pensa que os militares têm um lado. Isso é errado”, diz o coronel.
No entanto, Pimentel acrescenta que isso vai contra tudo pelo que ele trabalhou até deixar a ativa, em 2018.
“Estão destruindo a muralha que minha geração construiu entre as Forças Armadas e o governo, entre o militar e a política”, diz o coronel de 54 anos. Se os militares tomam partido, “deixam de ter representatividade para defender o Brasil inteiro”, defende ele.
Bolsonaro quer ‘garantir liberdade’
Diante disso, Jair Bolsonaro voltou a dizer na sexta (11), em um evento no Espírito Santo, que é o chefe das Forças Armadas.
Na sequência, o chefe do Executivo alegou que elas poderão ir às ruas para “garantir a liberdade” do povo.
Portanto, essa fala é sobre o uso do Exército para manter em vigor medidas de restrição adotadas por alguns estados para conter o avanço da pandemia da covid.
“Da minha parte, nada que viola esses dispositivos [do Artigo 5º da Constituição], foi assinado pela minha caneta Bic. Não fechei comercio, não tirei ganha-pão de ninguém. Tenho as forças armadas ao meu lado. Jamais elas irão às ruas para mantê-los em casa. Elas poderão, sim, ir às ruas, para garantir a liberdade e seu bem maior”.
Dessa maneira, o presidente chegou a entrar com mais uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar rever o poder de estados, mas a ação ainda não foi julgada.
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Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República