Enquanto joga para a plateia o discurso de preocupação com a segurança pública e sugere a presença da Força Nacional para ajudar na crise do sistema prisional do Amazonas, o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), põe em prática um esvaziamento das próprias forças de segurança do estado.
A situação está expressa no secretariado que anunciou nesta sexta-feira, dia 6. Dos 21 nomes, quatro são oficiais de alta patente da Polícia Militar do Amazonas. Esse grupo soma-se a outros três que já estão agasalhados no segundo escalão, mas que possuem status de secretário, embora não tenham sido anunciados como tal. Cite-se o caso do major Encarnação, coordenador do gabinete pessoal do prefeito.
Nesse alto efetivo de oficiais estão quadros da elite da Polícia Militar, colocados em funções que não têm relação com aquilo que faziam na corporação, e que neste momento de crise estão fazendo muita falta.
Esse, por exemplo, é o caso do major Thiago Balbi, piloto de helicópteros da PM que estava subutilizado na Superintendência de Transportes Urbanos (SMTU) e que agora ficará ainda mais distante da formação operacional militar que recebeu, porque vai para a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
A situação é semelhante à do coronel Morais, que recebeu curso de guerra na selva e que foi nomeado para a Secretaria de Infraestrutura (Seminf), setor para o qual não tem formação nem envolvimento com a área.
O caso do coronel Audo Albuquerque, nomeado superintendente da SMTU, não é diferente dos de Balbi e Morais, já que, na Polícia Militar, sua formação é de polícia comunitária. Ele, aliás, é tido na corporação como um dos mais preparados operacionalmente.
Destoa dos três o chefe da Casa Civil, tenente-coronel Fernando de Farias, também nomeado ontem. O caso dele destoa porque o oficial não possui formação militar especializada e por isso deve ser tratado sob outro aspecto: o da distorção da função pública.
Fernando pode ter sido, segundo seus colegas, um caso raro de militar que nunca foi para as ruas. O registro de seus colegas é de que desde aspirante, no fim da década de 1980, ele já passou a trabalhar com Arthur Neto.
Esses exemplos apenas ilustram a demagogia que o prefeito Arthur Neto vem fazendo nos últimos dias, usando a crise do sistema prisional como pano de fundo, já que, enquanto pede polícia nas ruas, ele próprio as tira de sua missão primordial, o combate aos criminosos.
Foto: BNC