Alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar possível uso do fundo partidário para produção e disseminação de fake news nas redes sociais, o presidente de honra do PTB, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, recebeu repasses do próprio partido no valor de quase R$ 1,3 milhão desde 2017.
O político é investigado no âmbito do inquérito das fake news, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que já solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o envio de dados da prestação de contas da legenda dos últimos cinco anos.
Em um levantamento do GLOBO com base em dados disponibilizados pelo TSE, é possível identificar nas despesas cadastradas pelo partido que Jefferson recebeu em média R$ 300 mil por ano para gastos descritos como “serviços técnico-profissionais”.
Os valores foram repassados ao político por meio do Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), documento legal de pagamento do trabalho autônomo de pessoas físicas, mas não há detalhes sobre o destino das quantias, nem sobre qual serviço foi realizado.
Alinhado ao bolsonarismo
Um dos protagonistas do escândalo do mensalão no governo Lula e ex-aliado de Fernando Collor de Mello, o ex-deputado Roberto Jefferson passou a adotar uma retórica alinhada ao bolsonarismo no último ano.
A guinada acompanhou a aproximação de Bolsonaro a partidos do chamado Centrão.
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O marco da nova roupagem foi uma live, em abril de 2020, em que Roberto Jefferson atacou o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O vídeo foi compartilhado por Bolsonaro. Desde então, o ex-deputado virou ídolo bolsonarista por postagens de apoio ao presidente e ataques ao STF.
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Foto: Valter Campanato/ABr