ViĂºva de miliciano ligado aos Bolsonaro fecha delaĂ§Ă£o com MPF
A delaĂ§Ă£o jĂ¡ estĂ¡ na segunda fase, ou seja, foi aceita pelos procuradores e agora estĂ¡ focada em tratar de anexos especĂficos sobre homicĂdios cometidos por organizações criminosas no Rio de Janeiro

Publicado em: 08/07/2021 Ă s 16:00 | Atualizado em: 08/07/2021 Ă s 16:05
A viĂºva do ex-capitĂ£o Adriano da NĂ³brega, miliciano que era ligado a FlĂ¡vio Bolsonaro e que foi assassinado na Bahia no ano passado, estĂ¡ perto de homologar uma delaĂ§Ă£o premiada com o MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF) no Rio de Janeiro e o MinistĂ©rio PĂºblico do estado.
JĂºlia EmĂlio Mello Latufo estĂ¡ negociando hĂ¡ algumas semanas com os procuradores, tendo como seu advogado o ex-senador DemĂ³stenes Torres, que voltou a advogar.
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A delaĂ§Ă£o jĂ¡ estĂ¡ na segunda fase, ou seja, foi aceita pelos procuradores e agora estĂ¡ focada em tratar de anexos especĂficos sobre homicĂdios cometidos por organizações criminosas no Rio de Janeiro.
JĂºlia Lotufo viveu um relacionamento amoroso por 10 anos com Adriano da NĂ³brega e chegou a acompanhĂ¡-lo atĂ© a Bahia, onde ele foi morto, em fevereiro de 2020.
FuncionĂ¡ria da Alerj
Ficou foragida e teve a prisĂ£o preventiva decretada, mas a puniĂ§Ă£o foi reduzida a prisĂ£o domiciliar. Antes da morte de NĂ³brega, ela trabalhou na Subdiretoria-Geral de Recursos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Agora, ela responde a um processo da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do RJ, por organizaĂ§Ă£o criminosa e lavagem de dinheiro. Com a morte do marido, segundo esse processo, coube a ela cuidar do espĂ³lio de atividades ilegais de Adriano.
Ela foi denunciada pelo Grupo de AtuaĂ§Ă£o Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MinistĂ©rio PĂºblico do Rio (MPRJ), e nesse processo consta um documento da contabilidade dos negĂ³cios ilegais de Adriano. Essa planilha foi obtida na quebra do sigilo telemĂ¡tico da viĂºva.
ViĂºva procurou investigadores
Partiu de JĂºlia a iniciativa de fazer contato com os investigadores. Ela procurou inicialmente a PolĂcia Civil. O secretĂ¡rio de PolĂcia Alan Turnowski procurou o MP do Rio com o objetivo de fazer uma reuniĂ£o da defesa de JĂºlia com a promotora Simone SibĂlio, responsĂ¡vel pela investigaĂ§Ă£o dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Este encontro ocorreu hĂ¡ algumas semanas, e SibĂlio se interessou sobre as informações que JĂºlia tinha a fornecer sobre o caso Marielle.
A defesa de JĂºlia foi encaminhada para outra Ă¡rea do MinistĂ©rio PĂºblico, que investiga a participaĂ§Ă£o de milicianos em assassinatos de aluguel – mortes como as cometidas pela organizaĂ§Ă£o criminosa EscritĂ³rio do Crime. Posteriormente, o MinistĂ©rio PĂºblico Federal foi envolvido na negociaĂ§Ă£o e tudo caminha para que na semana que vem haja a homologaĂ§Ă£o.
Ex-capitĂ£o do Bope, Adriano da NĂ³brega foi apontado pela PolĂcia Civil do Rio como chefe da milĂcia de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste Rio.
O PM era amigo de FabrĂcio Queiroz e foi homenageado por FlĂ¡vio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes. A mĂ£e e a ex-mulher de Adriano, Raimunda Veras MagalhĂ£es e Danielle Mendonça da Costa, chegaram a ser lotadas no gabinete de FlĂ¡vio na Alerj.
NĂ³brega foi assassinado em um confronto com policiais na Bahia, em 9 de fevereiro de 2020, apĂ³s ficar escondido em uma propriedade na zona rural de Esplanada, cidade a 160 km de Salvador.
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