“Acusações infundadas”. É como o diretor-presidente da TV pública Encontro das Águas , do governo do Amazonas, Oswaldo Lopes, tratou denúncia feita por servidora da emissora ao Ministério Público (MP-AM).
Conforme afirmou jornalista da TV, Lopes comandaria um esquema de “rachadinha” (apropriação indébita) sobre benefícios e direitos trabalhistas dos funcionários.
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O caso está sendo investigado pelo Gaeco (grupo especializado no combate à corrupção), do MP-AM. Lopes disse que pediu uma auditoria da controladoria do governo.
Gerente se defende
Igualmente denunciado, o gerente de jornalismo da TV Encontro das Águas, Welder Alves, foi na mesma linha de Lopes.
Contudo, embora negue haver “rachadinha”, ele fala que existe um modo de reembolso de diárias que envolve dinheiro particular de diretores.
Confira abaixo, na longa nota que distribuiu no intento de explicar sua participação na denúncia.
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Notas de esclarecimento
Do presidente
O Diretor-Presidente da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas (Sistema de Comunicação Encontro das Águas), Sr. Oswaldo Lopes, vem a público repudiar todas as acusações contra a sua conduta e imagem à frente da emissora pública, proferidas pela servidora pública, Sra. Nauzila Campos.
Lopes afirma que as acusações são infundadas e que, apesar de não ter sido notificado oficialmente, está tomando todas as medidas cabíveis para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e a verdade prevaleça.
Para que isso ocorra, dentre as medidas tomadas, destaca-se a solicitação de uma auditoria do Estado na Emissora, por meio da Controladoria Geral do Estado do Amazonas onde o presidente se coloca à disposição de todos os órgãos competentes.
Enquanto profissional de comunicação há mais de 30 anos e gestor da emissora pública estadual por duas administrações, Oswaldo Lopes reitera que suas ações são pautadas pela transparência, compromisso com a probidade administrativa e honestidade e que não pode permitir que ações levianas e incabíveis perturbem o andamento das atividades do Sistema de Comunicação em prestar serviço de informação e qualidade à população.
Oswaldo Lopes – Diretor-Presidente Sistema Encontro das Águas
Do gerente
Venho por meio desta nota, exercer meu direito de resposta e meu dever como funcionário público de ser transparente.
Ontem, a servidora Nauzila Campos fez grave denúncia a meu respeito.
Não, não fui só denunciado, fui julgado e condenado pela opinião pública diante do direito dela como cidadã de solicitar uma investigação sobre um suposto esquema de rachadinhas de diárias na Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas, Tv Encontro das Águas, com suposta participação do diretor-presidente da Funtec.
Nunca toquei em um centavo que não fosse do meu suor, pelo contrário, tirei do bolso inúmeras vezes para trabalhar.
Não só eu como outros diretores e, inclusive o próprio presidente, tira do bolso dinheiro para manter a emissora funcionando, infelizmente, o processo é burocrático e o imediatismo da tv não espera, se assim não fosse a emissora estaria fora do ar há anos em face do sucateamento por que ela passou no decorrer de gestões anteriores.
Mas eu vou explicar aqui pra vocês o que ela chama de “rachadinha”, na verdade é um reembolso daquele diretor/colaborador que viabiliza/custea a logística, a hospedagem e a alimentação da equipe – finalidade da diária.
Pra quem não sabe como funciona o sistema de diárias e passagens vou explicar. É bem burocrático.
Você tem que solicitar com antecedência de 15 dias, tem que apresentar comprovantes de embarque e desembarque e ainda apresentar relatório, tudo acompanhado pelo Estado e sujeito a Controle Interno.
Conforme Decreto N. 40.691 de 16 de maio de 2019 diária é para custear “alimentação, café da manhã, almoço e janta” e “pernoite”, ou seja, é para custear as despesas.
Mas, estamos em uma emissora que não funciona no mesmo ritmo do Estado, amarrada a burocracias, a notícia, a pauta, a produção, não espera, ela acontece e não dá para esperar 15 dias para cair a diária da equipe e sair pra fazer nosso trabalho, daí o diretor que ganha mais, do seu bolso, dá pra a equipe o dinheiro que ela precisa pra se hospedar, comer e se locomover, e com a anuência e o acordo com a equipe, quando as diárias caem o justo é que este dinheiro da diária reembolse quem bancou as despesas do próprio bolso. quando sobra algum recurso, o valor fica com o colaborador, mas geralmente não sobra porque a diária custa 120 reais, 120 reais é insuficiente para você pagar hospedagem, lanchar, tomar agua, almoçar, se locomover e jantar… então na maioria das vezes quem dá o recurso não é sequer reembolsado ou fica no prejuízo.
Isso não é rachadinha, isso é garantir que nosso trabalho seja realizado.
E quanto ao link do portal da transparência sobre o número de diárias, no meu caso no ano passado foram 24 dias e não 24 viagens, vou explicar o motivo pelo qual tive que deixar a diretoria e ir como operador de drone, roteirista, cinegrafista, repórter e até muitas vezes ainda editando:
Porque temos vários profissionais salarialmente desmotivados, de um lado os celetistas sob judicie, sem direito a aumento, ganhando muitas vezes menos de um salário, e de outro lado, temos os concursados com salários congelados desde 2013 tendo que se dividir em dupla ou tripla jornada, e aí minha gente sobra pra quem está na diretoria e como cargo comissionado segurar as demandas para não deixar a emissora parar e mostrar serviço para a sociedade.
Mas para encerrar, quero reiterar que nunca, em hipótese alguma participei ou fui conivente com algum tipo de esquema ilícito, pelo contrário, diante da morte do meu irmão, deixei um salário de 10 mil reais para ganhar menos 1.600,00 para ficar próximo da minha família e seguir ajudando a emissora em Brasília, aliás a denunciante passou a ocupar minha cadeira de diretor na época, depois de um mês saiu, se deu férias, e eu tive que voltar para auxiliar a Fundação no meu dever de servidor.
Infelizmente, temos que refletir mais sobre o papel das mídias e dos comunicadores, é muito fácil você ir para as redes sociais e propagar suposições, espero que assim que o Ministério Público apurar, ela tenha a mesma atitude de voltar às redes para se retratar.
Welder Alves – Gerente de Jornalimo