CĂ¢mara de MediaĂ§Ă£o e ConciliaĂ§Ă£o, uma inovaĂ§Ă£o no setor pĂºblico
Esse sistema foi criado para resolver de forma Ă¡gil, problemas de menor complexidade, economizando tempo e recursos, demandados em processos judiciais

Por Marcellus Campelo
Publicado em: 20/03/2024 Ă s 10:14 | Atualizado em: 20/03/2024 Ă s 10:14
A Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas estĂ¡ implantando um sistema inovador e inĂ©dito no serviço pĂºblico do Estado, com foco na transparĂªncia e no fortalecimento do diĂ¡logo entre as partes envolvidas nas obras, programas e projetos que executa.
Trata-se da CĂ¢mara de MediaĂ§Ă£o e ConciliaĂ§Ă£o (CMC), criada com o propĂ³sito de resolver, administrativamente e de forma Ă¡gil, problemas de menor complexidade, economizando tempo e recursos, demandados em processos judiciais.
A criaĂ§Ă£o da CĂ¢mara passou pela aprovaĂ§Ă£o da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e Ă© resultado de vĂ¡rias mĂ£os que nos apoiaram na sua concepĂ§Ă£o, entre Ă³rgĂ£os parceiros e colaboradores da UGPE. Meu agradecimento especial Ă Defensoria PĂºblica do Estado (DPE), na pessoa do defensor Tiago Rosas, que muito nos ajudou nesse processo.
A portaria que autoriza o seu funcionamento foi publicada em dezembro, no DiĂ¡rio Oficial do Estado (DOE). Agora, serĂ¡ formalmente instalada, com a posse de seus membros e inĂcio dos trabalhos.
É um marco para o Estado e segue, nos seus princĂpios, o que o governador Wilson Lima tem sempre orientado para que seja a tĂ´nica nas relações entre o poder pĂºblico e os usuĂ¡rios dos serviços, cidadĂ£os do Amazonas –ou seja, diĂ¡logo e respeito, acima de tudo.
Trata-se, portanto, de uma importante contribuiĂ§Ă£o nessa esteira de entendimento, que vem para agregar com outras iniciativas que sĂ£o colocadas em prĂ¡tica pelos demais Ă³rgĂ£os do Estado.
A CĂ¢mara de MediaĂ§Ă£o e ConciliaĂ§Ă£o serĂ¡ formada pela UGPE e PGE e por representantes de Ă³rgĂ£os a serem convocados para somar na mesa de negociaĂ§Ă£o, conforme a natureza da questĂ£o em pauta. Dentre eles, a SuperintendĂªncia de HabitaĂ§Ă£o do Amazonas (Suhab), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb), DPE, Instituto Nacional de ColonizaĂ§Ă£o e Reforma AgrĂ¡ria (Incra), FundaĂ§Ă£o Nacional dos Povos IndĂgenas (Funai), FundaĂ§Ă£o Estadual do Ăndio (FEI) e Universidades Federal e Estadual do Amazonas (Ufam e UEA).
TambĂ©m serĂ£o convocados, quando necessĂ¡rio, representantes de empresas contratadas pela UGPE, entidades da administraĂ§Ă£o pĂºblica federal, estadual ou municipal e representantes da sociedade civil organizada.
A mecĂ¢nica a ser adotada Ă© bem simples: a CĂ¢mara convoca os Ă³rgĂ£os e as pessoas que compõem as partes envolvidas no problema que estiver em questĂ£o, coloca o assunto em discussĂ£o e, o que for consenso, jĂ¡ fica ali acordado, evitando a burocracia e o tempo dispendido em processos na esfera judicial, alĂ©m de economizar recursos de ambas as partes – para o cidadĂ£o e para a administraĂ§Ă£o pĂºblica.
AlĂ©m da agilidade na resoluĂ§Ă£o dos problemas, ao integrar outros Ă³rgĂ£os que possam somar na mesa de negociaĂ§Ă£o, a CĂ¢mara tem a vantagem de poder encontrar soluções inovadoras, que nĂ£o se enquadrariam em uma sentença convencional da Justiça, mas que sĂ£o legais e permitidas. É um formato que garante a todos poder de voz igualitĂ¡ria, abrindo caminhos para que os diĂ¡logos aconteçam e que, dessa forma, as soluções sejam mais facilmente construĂdas.
Os estudos indicam que a mediaĂ§Ă£o e a conciliaĂ§Ă£o reduzem o desgaste emocional e o custo financeiro, constroem soluções mais adequadas Ă s reais necessidades e possibilidades dos interessados e geram maior satisfaĂ§Ă£o.
Com a criaĂ§Ă£o da CĂ¢mara, a UGPE fortalece os mecanismos que jĂ¡ utiliza na sua relaĂ§Ă£o com os usuĂ¡rios, com a comunidade e com os seus parceiros, buscando sempre um ambiente propĂcio e de tranquilidade para execuĂ§Ă£o dos projetos e programas de Governo.
Um exemplo bem-sucedido nesse sentido Ă© a ComissĂ£o de Gerenciamento de Crise (COMCRI), que jĂ¡ vinha funcionando, nos Ăºltimos anos, na soluĂ§Ă£o de questões envolvendo beneficiĂ¡rios de programas executados pela UGPE. Com postura agregadora, o Ă³rgĂ£o tem conseguido resolver praticamente tudo o que chega Ă ComissĂ£o.
Com a COMCRI, e agora com a CĂ¢mara de MediaĂ§Ă£o e ConciliaĂ§Ă£o, a UGPE tambĂ©m reforça os sistemas de compliance e as polĂticas de salvaguarda que jĂ¡ adota na Ă¡rea social, e que tambĂ©m sĂ£o previstos nos projetos executados em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ă³rgĂ£o financiador dos programas Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+) e de Saneamento Integrado (Prosai). SĂ£o iniciativas hoje internalizadas em quaisquer das ações desenvolvidas, garantindo o direito de ser ouvido a todos os beneficiĂ¡rios das obras e projetos que realiza.
A CĂ¢mara, que agora vai começar a funcionar, Ă© um formato inĂ©dito no Estado e que, com certeza, servirĂ¡ de referĂªncia para outros Ă³rgĂ£os, projetos e programas, nĂ£o somente no Amazonas, mas no paĂs. É a primeira vez que uma entidade do tipo funcionarĂ¡ dentro de um Ă³rgĂ£o pĂºblico, no Estado, com a capacidade de gerenciar e solucionar os problemas que surjam, sem precisar acionar a esfera jurĂdica e respeitando os direitos individuais.
Conciliar, mediar, agregar, sĂ£o verbos que fazemos questĂ£o de conjugar todos os dias, construindo obras e tecendo relações duradouras com a comunidade, com os usuĂ¡rios.
*O autor Ă© engenheiro civil, especialista em saneamento bĂ¡sico; exerce, atualmente, o cargo de secretĂ¡rio da Unidade Gestora de Projetos Especiais – UGPE.
Foto: DivulgaĂ§Ă£o