DiĂ¡rio de uma quarentena | 36º dia, 25 de abril – O novo normal

"Em Manaus, ja hĂ¡ um novo normal de que o mundo vem falando e prevendo para o que deve acontecer quando a pandemia passar"

De Neuton CorrĂªa*

Publicado em: 25/04/2020 Ă s 21:44 | Atualizado em: 26/04/2020 Ă s 07:25

Hoje Ă© sĂ¡bado. SĂ£o 19h45.

O Amazonas conta agora 3.635 novos casos de coronavírus (Covid-19) e 287 mortos pela doença.

De ontem pra hoje, houve novo recorde nessa contagem: 441 novos casos e 32 perdas.

Manacapuru, na regiĂ£o metropolitana de Manaus, virou notĂ­cia nacional.

Proporcionalmente, Ă© o municĂ­pio mais infectado do PaĂ­s. A cada 100 mil habitantes, 236 estĂ£o contaminados pela doença. Disparado, estĂ¡ na frente de Fortaleza, onde, a cada 100 mil pessoas, 134, estĂ£o infectadas.

Manaus, a capital do Estado, hĂ¡ muito estĂ¡ na pauta da mĂ­dia nacional e agora entrou no foco dos jornais estrangeiros.

França, Espanha, ItĂ¡lia,  Alemanha e EUA jĂ¡ noticiaram a crise nos sistema de saĂºde provocada pela pandemia.

O novo coronavĂ­rus jĂ¡ atingiu 42 dos 62 municĂ­pios que fazem parte do Estado.

 

Gripe que mata

A gripezinha, assim chamada a pandemia pelo presidente da RepĂºblica quando o vĂ­rus chegou ao Brasil, jĂ¡ matou 4.016 pessoas no PaĂ­s em menos de dois meses. Hoje, foram 246 mortes em um Ăºnico dia.

No PaĂ­s, o nĂºmero de casos confirmados passou por um aumento de 10,4% desde a Ăºltima sexta-feira e atingiu 58.509 pessoas (antes eram 52.995).

SĂ£o Paulo e Rio de Janeiro concentram os maiores nĂºmeros. SĂ£o Paulo jĂ¡ conta mais de 20 mil casos e 1.667 mortes. O Rio conta 615 Ă³bitos.

 

ObituĂ¡rio

A pandemia me tirou mais um colega de profissĂ£o hoje.

Roberto Augusto partiu e eu perdi o primeiro cumprimento que recebia quando ia Ă  Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM).

LĂ¡ estava o Roberto sentando numa salinha de acesso ao plenĂ¡rio do Parlamento.

Na terça-feira, dia 21, foi o Robson Franco, que estava doente e nĂ£o quis procurar hospital temendo ser contaminado pelo vĂ­rus.

 

O novo normal

Em Manaus, ja hĂ¡ um novo normal de que o mundo vem falando e prevendo para o que deve acontecer quando a pandemia passar.

Farei um pequeno recorte para descrever isso no que observei numa ida ao supermercado, no fim da tarde deste sĂ¡bado.

O supermercado funcionava plenamente. A atividade era bem diferente do que vi quando fui lĂ¡, no inĂ­cio desta quarentena.

Naquela dia, 28 de março, 8º capĂ­tulo deste diĂ¡rio, havia pouca gente fazendo compras. As pessoas pareciam assustadas e uma sĂ©rie de cuidados eram tomados pela loja e os clientes.

Mas, hoje, a situaĂ§Ă£o era bem diferente.

Pode ter sido resultado da demanda reprimida do dia. Choveu a manhĂ£ toda e parte da tarde o tempo continuava fechado.

O estacionamento estava quase 100% ocupado. Internamente, o movimento era o mesmo ou maior de antes da pandemia.

NĂ£o notei mais o interesse das pessoas por Ă¡lcool em gel nas prateleiras.

Os caixas acumulavam filas, como sempre foi.

Novo ali era o serviço de som do supermercado orientando que os clientes nĂ£o se aproximassem tanto uns dos outros, que cartões fossem usados para pagamento, que nĂ£o levassem idosos e que usassem mĂ¡scaras.

Esse detalhe, talvez, seja o novo do novo normal.

Portanto, a Ăºnica coisa que mudou ali foi o uso de mĂ¡scaras, pois quase todos que estavam lĂ¡ pareciam se sentir salvos do vĂ­rus apenas protegendo nariz e boca.

 

*O autor é jornalista e diretor-presidente do BNC Amazonas

Arte: Alex Fideles