Ciro Gomes diz que é preciso proteger a ZFM do governo Bolsonaro 

Candidato a presidente da República declarou que é preciso reconverter o amazônida para não desmatar a floresta 

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Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 23/08/2022 às 22:28 | Atualizado em: 23/08/2022 às 22:28

O candidato a presidente da República, Ciro Gomes (PDT) reiterou o compromisso de proteger a Zona Franca de Manaus da “malsinada política do governo Bolsonaro” de reduzir o IPI em até 35% dos produtos da indústria nacional” 

Ao participar da entrevista do Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira (23), Ciro Gomes lembrou que a indústria do estado do Amazonas representa 8% da produção nacional, daí sua importância para região e o Brasil. 

“[É preciso] proteger Manaus que está sendo assediada para ser destruída por conta de uma política malsinada de mudança de IPI do Bolsonaro. Ali vem 8% da produção industrial brasileira”, declarou Ciro Gomes.  

A manifestação do candidato a presidente – terceiro colocado nas pesquisas eleitorais – sobre a Zona Franca de Manaus se deu no momento em que tratou das questões ambientais e do controle do desmatamento ilegal. 

Apesar de demonstrar boa intenção com relação à Amazônia, Ciro Gomes quase repetiu o discurso de Bolsonaro, o primeiro entrevistado do JN, nessa segunda-feira (22), ao culpar os ribeirinhos pelos problemas ambientais na região.  

Ao ser questionado sobre o desmatamento, o presidenciável disse que pretende, se for eleito em outubro deste ano, realizar um “grande esforço de retreinamento da atividade produtiva com quem mora na Amazônia. 

“O Brasil perdeu o senhorio sobre o seu território. Nós mandamos basicamente 40 milhões de brasileiros do Sul, Sudeste e Nordeste para integrar para não entregar a Amazônia. 

O Incra impunha ao amazônida, ao brasileiro que foi trabalhar, produzir na Amazônia, era mostrar que desmatou e se ele não comprovasse, o Incra não dava o papel da terra. De repente, no período de meia geração, isso vira crime hediondo. Isso, os nossos irmãos não entendem”, declarou. 

No entanto, o candidato não mencionou que são os amazônidas, que vivem na região, os responsáveis pela manutenção da floresta em pé e as grandes madeireiras é que realizaram os desmatamentos ilegais.

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Zoneamento econômico-ecológico 

Ciro afirmou é preciso “mudar a chave” porque somente a repressão não resolve. E essa mudança virá, primeiramente, com uma base de desenvolvimento sustentável, que está na boca de muita gente, mas que não aterrissa no território.  

Esse território será retomado, segundo o candidato, por meio do tão falado, propagado e não realizado zoneamento econômico-ecológico (ZEE), que vai estabelecer no mapa, com georreferenciamento, com satélite onde pode ou não cultivar, plantar, criar gado por exemplo.

Na visão do pedetista, o ZEE vai abranger as unidades de conservação, as terras indígenas, os mananciais hídricos, os biomas mais sensíveis como Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal que são biomas que estão sofrendo o mesmo problema.  

Reconversão do amazônida 

A partir da instalação desse sistema, um eventual governo de Ciro Gomes farár um grande esforço de retreinamento de diversificação da atividade produtiva. 

“O nosso povo só sabe desmatar: pega madeira de lei mais sensível, corta e ganha 2 mil dólares por um metro cúbico de mogno. Ele não entende como vai passar fome com o filho e a família se ele tem ali na frente uma árvore que vale 2 mil dólares mesmo com o contrabando absolutamente grave. Nós precisamos fazer um grande trabalho de reconversão da lógica produtiva”, declarou Ciro Gomes ao JN. 

Na avaliação do candidato a presidente, é preciso fazer com que a economia rural aprenda com financiamento, capacitação gerencial, acesso a mercado, maketing, apoio ao comércio exterior. 

Aprenda que a floresta vale muito mais em pé do que derrubada, com biotecnologia, uma nova farmácia, biomassa, uma série de coisas que se conseguirá com a floresta em pé.  

“Se você dar alternativas para produzir em bases sustentáveis, a repressão, a aplicação da lei vale para o verdadeiro marginal”,  

Holding do crime 

Ao tratar sobre o desmatamento ilegal na Amazônia e dos demais biomas brasileiros, cujo acordo internacional é eliminar esse grave problema ambiental até 2028, Ciro Gomes respondeu:  

“Tomar o pulso do controle do território será no primeiro dia de governo, restaurando a autoridade. Eu conheço ali o Alto Solimões, Cabeça do Cachorro, aquilo ali é território sem dono, quem manda ali é uma holding do crime. 

Eu denunciei isso porque eu conheço o território brasileiro e fui processado pelo ministro da Defesa do Bolsonaro porque eu disse que tal extenso domínio pelo narcotráfico, tráfico de armas, caça e pesca e desflorestamento ilegais é um processo de uma holding do crime de lavagem de dinheiro que não aconteceria com tal extensão sem conivência ou omissão das Forças Armadas”.

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Volta das algemas 

Na gestão de Ciro Gomes, a legislação ambiental deverá ser melhorada e ele, se eleito, quer fazer essas melhorias em audiência com as cabeças pensantes da Amazônia, como os institutos Emílio Goeldi (Pará) e Inpa (Amazonas), que têm estudo acumulado, para sair do eixo São-Rio-Brasília, que muitas vezes idealizam uma coisa que não tem muita aderência lá.  

“Estão desflorestando unidades de conservação, invadindo reservas indígenas já pactuadas, destruindo mananciais, nascentes e recursos hídricos protegidos pelo código florestal. Portanto, falta mesmo é uma mão firme e a algema vai voltar a funcionar no primeiro dia do meu governo e disso ninguém duvide”, prometeu Ciro Gomes na entrevista ao Jornal Nacional. 

Foto: reprodução/Jornal Nacional/TV Globo