Estrangeiros vão reconhecer de imediato eleito no Brasil

Estratégia foi usada na eleição de Joe Biden, num esforço de sufocar a operação de Donald Trump para questionar o resultado e alertar sobre uma suposta fraude

Publicado em: 27/10/2022 às 11:58 | Atualizado em: 27/10/2022 às 11:58

A eleição no Brasil mobiliza forças e movimentos de extrema direita pelo mundo, enquanto democracias estrangeiras se prepararam para chancelar os resultados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ainda no domingo, na esperança de se evitar um espaço para uma ruptura democrática ou um questionamento dos resultados.

O UOL apurou que, em diversas capitais estrangeiras, a ordem dos governos é de já preparar os telegramas para que, ainda no domingo, o vencedor da eleição seja parabenizado por líderes.

A estratégia foi usada na eleição de Joe Biden, num esforço de sufocar a operação de Donald Trump para questionar o resultado e alertar sobre uma suposta fraude.

A reportagem conversou com altos representantes da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva que confirmaram que governos de democracias indicaram que querem evitar a repetição do cenário do Capitólio, nos EUA em 2021, e que acreditam que uma chancela ainda no domingo aos resultados do TSE pode mandar uma sinalização de que uma ruptura institucional não será bem-vinda.

O UOL conversou com duas embaixadas estrangeiras em Brasília que, na condição de anonimato, admitiriam que esse era o plano, com uma sinalização ainda no domingo pela noite ao vencedor.

Foram ainda várias as mensagens de governos como o dos EUA ao Palácio do Planalto de que não haveria espaço para um questionamento do processo eleitoral brasileiro por parte de Jair Bolsonaro.

Entre diplomatas estrangeiros, o comportamento do ex-chanceler Ernesto Araújo e de outros bolsonaristas mais radicais de minimizar os acontecimentos no Capitólio é ainda considerado como um sinal de que, dentro do movimento de extrema direita no Brasil, os atos foram aplaudidos.

Também foi destaque o fato de que Bolsonaro e seus filhos repetiram naquele momento as mentiras de Donald Trump, insistindo que a eleição americana tinha sido fraudada.

O brasileiro foi um dos últimos lideres internacionais a felicitar Biden pela vitória, causando um profundo constrangimento na relação entre os dois países e com um impacto que até hoje prevalece na administração americana.

Dentro das embaixadas, porém, fontes confirmaram que a tensão aumentou, diante da ofensiva de desinformação durante os últimos dias da campanha, os ataques de Bolsonaro contra a Justiça e constante convocação de apoiadores do bolsonarismo à violência.

Durante reuniões com diversos grupos de parlamentares na Europa e representantes de embaixadas, entidades de direitos humanos fizeram um apelo para que essa estratégia volte a ocorrer no Brasil, o que foi sinalizado de forma positiva.

Nesta semana, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sanchez, e o primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, anunciaram seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos insistiram na defesa da democracia.

Há poucas semanas, o apoio veio de ex-chefes de estado e de governo da Europa, inclusive de direita. “O resultado da eleição presidencial brasileira terá um impacto decisivo, que irá muito além das suas fronteiras. Quando a democracia está em perigo, é preciso juntar os divergentes para vencer os antagônicos. É por isso que nós, ex-chefes de Estado e de Governo de diversas tendências políticas, apoiamos a candidatura do ex-presidente Lula”, disse o ex-presidente francês François Hollande, um dos ex-líderes que assinaram uma declaração conjunta.

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“O mundo precisa de um Brasil democrático e justo. Só um estadista como Lula pode tomar conta desse desafio”, afirmou. Além de Hollande, assinou a declaração o ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin, de direita.

A lista ainda incluir José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo espanhol, Massimo d’Alema e Enrico Letta, ex-chefes de governo da Itália, Micheline Calmy Rey, ex-presidente da Suíça, e Elio di Rupo, ex-primeiro-ministro da Bélgica.

Leia mais na coluna de Jamil Chade no UOL

Foto: reprodução