O candidato a presidente Lula da Silva (PT) foi o entrevistado do “Jornal Nacional “, da Globo, nesta quinta-feira (25). Um dos pontos altos da entrevista do ex-presidente da República, da federação PT-PCdoB-PV e mais sete partidos políticos, como o PSB, do vice Geraldo Alckmin, foi quando respondeu sobre a relação do agronegócio com o meio ambiente na Amazônia e outros biomas.
De acordo com Lula, se perguntar ao mais reacionário empresário do agronegócio brasileiro o que o governo Bolsonaro fez ao setor, não chega perto daquilo que o governo do PT fez nos 16 anos que ficou no poder.
“Não tem nenhum governo que tratou o agronegócio que o meu governo. Fizemos uma medida provisória (432/2008) que fez uma negociação com os produtores rurais de R$ 85 bilhões senão eles tinham quebrado [falido]”.
Ao ser questionado por um dos entrevistadores, do motivo por que grande parte do agronegócio é contra a candidatura Lula-Alckmin, o petista respondeu:
“É por conta da política em defesa da Amazônia, do Pantanal, da Mata Atlântica. A nossa luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós, mas o agronegócio não é contrário ao meio ambiente sustentável”.
Segundo Lula, quem é contra o meio ambiente é o agronegócio fascista e de direita porque os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que têm comércio com o exterior, que exporta para Europa e China, esses não querem desmatar.
“Ao contrário, o empresário do agronegócio consciente quer preservar os rios, a flora, querem preservar a fauna”.
Biodiversidade da Amazônia
O ex-presidente lembrou do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, do governo Bolsonaro, que dizia para invadir com a boiada para desmatar a Amazônia.
“Nós não precisamos plantar milho, soja ou cana nem criar gado na Amazônia. O que nós precisamos é explorar corretamente, cientificamente, a biodiversidade da Amazônia para que a gente tire daquela riqueza produtos para a indústria de fármacos, cosméticos e gerar empregos para aquelas pessoas [mais de 30 milhões de amazônidas]”, disse Lula.
Papel do MST
Da mesma forma que foi pressionado a fazer comparação entre o agronegócio e o meio ambiente, Lula precisou dar explicações sobre o papel que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) terá em um eventual novo governo petista.
De acordo com o ex-presidente, o MST está cuidando de produzir. “Hoje, com várias cooperativas Brasil a fora, é o maior produtor de arroz orgânico do país”.
Segundo o candidato do PT, as pessoas têm que visitar uma cooperativa do MST porque vão perceber que o movimento não é o mesmo de 30 anos atrás.
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Brasil pacificado
“Agora, o Bolsonaro está enganando alguns fazendeiros porque está liberando arma. Tem gente que acha que é bom ter arma em casa. Mas, o que nós queremos é pacificar esse [sic] país”.
Conforme o candidato, o pequeno e o médio produtor rural têm que viver pacificamente com o grande empresário do agronegócio.
“O Brasil tem possibilidade de ter os dois [modelos], sendo um que produz mais internamente e outro mais para o exterior”.
A entrevista também abordou temas como corrupção, operação Lava Jato, Ministério Público, orçamento secreto, relação com o Congresso, política internacional e economia.
Nesta sexta-feira (26) será a vez da candidata do MDB, a senadora Simone Tebet, enfrentar a bancada de entrevistadores do “Jornal Nacional”.
Já passaram pela sabatina de William Bonner e Renata Vasconcellos os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT).
Foto: reprodução/TV Globo