Em meio a gritos de “aleluia” e “louvado seja”, a primeira-dama Michelle Bolsonaro prega a um público que ouve tudo atentamente que essa não é uma eleição presidencial, mas uma “guerra espiritual”.
“Não estamos falando de um político, mas de uma ideologia do bem contra o mal”, afirma ela em uma igreja na periferia de Maceió, na noite do último sábado, a centenas de fiéis.
“O inferno está se levantando”, diz, em referência ao PT. A seu lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), assistiu à cerimônia.
Ela e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) fazem um tour pelos estados do Nordeste desde a semana passada.
Em todos os locais, foram recebidas por religiosos do campo evangélico e por políticos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Muitas vezes, falou em igrejas lotadas, como na capital alagoana.
A visita à região é estratégica, já que Bolsonaro perdeu em todos os nove estados no primeiro turno. Em 2 de outubro, Lula teve 66% dos votos válidos na região, contra 27% de Jair Bolsonaro .
Conseguir reduzir a rejeição — e assim a diferença de votos — é considerado fundamental pela campanha .
Michelle foi escalada para essa missão e contou com nomes de peso da política local.
Em João Pessoa, por exemplo, teve apoio do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; em Natal, do senador eleito Rogério Marinho (PL); em Fortaleza, do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil); Em Teresina, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).
O UOL assistiu ao ato dela em Maceió, única capital da região em que Bolsonaro ficou à frente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O discurso, porém, só repete o que já disse pelo Nordeste: mescla falas que tentam pôr medo do comunismo e da perseguição que um governo Lula teria a evangélicos. Até o demônio e o inferno são citados.
Depois de criar o ambiente de pânico moral , ela diz que todos devem buscar votos para a reeleição do marido. “Queremos a reeleição porque sabemos que é a missão que Deus nos confiou.”
“Saiam daqui com uma chama acesa no coração para multiplicar os votos dos que ainda estão indecisos. Peçam sabedoria para conversar com eles. Precisamos tirar esse espírito do mal do Brasil. Estamos trabalhando para o nosso povo ter liberdade religiosa”, disse Michelle Bolsonaro, primeira-dama
A curta, mas incisiva, pregação deixa claro o objetivo: que todas as pessoas ali se transformem em cabos eleitorais do presidente, com um foco mais específico para converter votos de eleitores ainda em dúvida.
“Meus amados, precisamos interceder cada vez mais, precisamos orar para que o espírito de Deus venha convencer aqueles que não se posicionaram. Triste saber que alguns líderes religiosos não se posicionaram”, diz.
Leia mais na reportagem de Carlos Madeiro no portal UOL
Foto: divulgação