No embalo de Bolsonaro, ministro da Justiça diz que PF fiscalizará urnas
Mais um episódio da escalada do governo Bolsonaro sobre a legitimidade das urnas

Publicado em: 21/06/2022 às 08:23 | Atualizado em: 21/06/2022 às 08:23
O ministro da Justiça, Anderson Torres, entrou no embalo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para fiscalizar as urnas eletrônicas.
Segundo O Globo, ele enviou um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na sexta-feira passada.
O documento informa a Polícia Federal participará de todas as etapas de fiscalização e auditoria das urnas eletrônicas e de “sistemas e programas computacionais eleitorais”.
Conforme a jornalista Bela Megale, a pasta menciona, inclusive, a possibilidade de desenvolver “programas próprios” para verificação dos equipamentos.
Nesse sentido, a comunicação, de tom incisivo, é inédita e causou estranheza entre alguns membros do tribunal.
É que PF é parceira histórica do TSE e já participa de todas as etapas do processo eleitoral.
Por exemplo, como testes de segurança de urnas e softwares e demais mecanismos envolvendo o pleito.
Ainda segundo Megale, o documento obtido pela coluna é assinado pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, e endereçado ao presidente da corte, Edson Fachin. Nesse sentido, Torres escreveu:
“Informo ainda que a necessidade de participação da PF na fiscalização e auditoria relativas ao emprego da urna eletrônica (sistema eletrônico de votação), inclusive com a possibilidade de desenvolvimento de programas próprios de verificação (art. 15 da Resolução no 23.673/2021), visa resguardar o estado democrático de direito, que exige integridade e autenticidade dos sistemas eleitorais, consagrando, assim, uma eleição escorreita”.
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Desse modo, o ministro da Justiça vai na mesma direção de argumentos apresentados pelo presidente Bolsonaro, de que a auditoria visaria “resguardar a democracia”.
Sobretudo, o fato é que o presidente e integrantes de seu governo coloca em xeque a segurança do sistema eleitoral.
Contudo, Bolsonaro nunca apresentou qualquer provas sobre falhas ou fraudes nas urnas.
Da mesma forma, ontem (20) o ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira também enviou um ofício ao TSE que se baseiam na resolução 23.673/2021 da corte.
Assim, destaca que indicará representantes para fiscalizar o sistema de votação. No caso da Defesa, a pasta aponta que a equipe será formada por membros das Forças Armadas.
Conforme, O Globo, o ofício da Justiça, portanto, é mais um episódio da escalada do governo Bolsonaro sobre a legitimidade das urnas.
Foto: Marcos Corrêa/PR