A estratégia do governador do Pará para vencer candidato de Bolsonaro
Para conseguir apoio de vários lados, Barbalho se afastou da polarização das eleições presidenciais e se valeu de um novo arranjo de forças políticas no Pará, segundo especialistas

Publicado em: 13/10/2022 às 10:19 | Atualizado em: 13/10/2022 às 10:19
Uma aliança extensa com 15 partidos de ideologias diferentes ajuda a explicar por que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi reeleito para o segundo mandato no primeiro turno com a maior votação do país. Ele obteve 70,47% dos votos válidos (mais de 3 milhões), derrotando o principal concorrente, Zequinha Marinho (PL), aliado de Jair Bolsonaro.
Juntaram-se à campanha do emedebista os partidos PSDB, Cidadania, PT, PCdoB, PV, PP, PSD, PDT, Republicanos, Avante, Podemos, União Brasil, DC, PTB e PSB.
Com tantas siglas aliadas — incluindo legendas que nacionalmente apoiavam Bolsonaro — o tempo de propaganda política de Barbalho na TV também foi maior.
Já o principal adversário de Barbalho contou apenas com Patriota e PSC como aliados.
Para conseguir apoio de vários lados, Barbalho se afastou da polarização das eleições presidenciais e se valeu de um novo arranjo de forças políticas no Pará, segundo especialistas.
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A má avaliação dos últimos governadores também favoreceu a reeleição do emedebista com ampla vantagem.
Desde a redemocratização, a principal polarização no Pará foi entre o antigo PMDB (hoje MDB) e o grupo liderado pelo PSDB. No polo do PMDB estava a família Barbalho e seus aliados, explica Gustavo Ribeiro, professor de sociologia e ciência política da Universidade Federal do Pará (UFPA).
“As duas últimas gestões — de governo com Simão Jatene e na prefeitura da capital com Zenaldo Coutinho (ambos do PSDB) — saíram muito mal avaliadas e isso fez com que o polo de oposição ao MDB ficasse enfraquecido”, explica Ribeiro.
“Helder teve a capacidade de arregimentar e incorporar o apoio do principal adversário, que era o PSDB”, avalia. Em crise, a ponto de não lançar candidato ao governo na eleição passada, o PSDB ficou ainda mais fraco, alterando as forças políticas.
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“Toda a direita que não era bolsonarista estava com ele (Helder Barbalho) e a esquerda teve o PT, um partido forte, que fez coligação com Helder com um candidato ao Senado, uma aliança com o objetivo de marcar posição”, explica Ribeiro.
O senador Beto Faro (PT) também conseguiu se eleger, derrotando o oponente do PL.
Leia mais na matéria de Luciana Cavalcante publicada no portal UOL
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil