Bolsonaro recebe doação de pecuarista acusado de desmatamento

De acordo com o sistema de consulta do Ibama de áreas embargadas, Ronaldo cometeu a infração em sua fazenda na cidade de Aripuanã, no Mato Grosso

Diamantino Junior

Publicado em: 18/08/2022 às 17:00 | Atualizado em: 18/08/2022 às 17:00

O presidente Jair Bolsonaro declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já ter recebido doações eleitorais de pelo menos 25 pessoas físicas. Até a tarde desta quinta-feira (18), essas doações somavam R$ 50,6 mil.

Quase 60% desse montante vêm de dois integrantes do agronegócio que são apoiadores do atual presidente da República: Ronaldo Venceslau Rodrigues da Cunha e Herbert Walter Schlatter.

Ronaldo da Cunha doou R$ 20 mil. Ele é filho de Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha, patriarca da família que é uma das maiores vendedoras de bois do Brasil.

Problemas com o Ibama

Cunha chegou a ser citado em matéria de 2020 do falecido repórter do jornal britânico The Guardian, Dom Phillips, assassinado durante expedição na Amazônia em junho deste ano.

Nela, o pecuarista é apontado como um dos responsáveis por retirar milhares de animais de uma fazenda com problemas com o Ibama por desmatamento irregular e levar para outra propriedade, sem questionamentos do órgão.

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O objetivo, segundo a reportagem, era vender os animais para o frigorífico “JBS”. A matéria diz que o pecuarista teria contado com apoio de caminhões da empresa para o transporte entre as duas fazendas.

De acordo com o sistema de consulta do Ibama de áreas embargadas, Ronaldo cometeu a infração em sua fazenda na cidade de Aripuanã, no Mato Grosso. Ronaldo não se pronunciou na reportagem.

Ele foi julgado por “destruir, desmatar, danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas” em “área de reserva legal ou servidão florestal”.

Outro doador

O segundo maior doador de Bolsonaro até agora, com R$ 10 mil, é Herbert. Ele é diretor do Grupo Schlatter, que produz soja e algodão em diversas fazendas pelo interior do Brasil.

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