Ponta Negra: atos golpistas no bairro mais bolsonarista de Manaus
Há pelo menos oito dias os habitantes dessa área que tem qualidade de vida semelhante a países de primeiro mundo, conforme o IBGE, não dormem bem

Gabriel Ferreira do BNC Amazonas
Publicado em: 09/11/2022 às 19:15 | Atualizado em: 09/11/2022 às 20:37
Das áreas mais nobres e do metro quadrado de terra mais caro de Manaus, a Ponta Negra e seus mais de 5 mil moradores constituem também o maior espaço bolsonarista da capital.
Ironicamente, é essa região a que mais sofre os prejuízos dos atos golpistas e antidemocráticos de seguidores do presidente da República derrotado nas urnas no 30 de outubro.
Há pelo menos oito dias os habitantes dessa área que tem qualidade de vida semelhante a países de primeiro mundo, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não dormem bem.
Apitaços, buzinaços, berros, gritos e toda forma de balbúrdia ocorrem 24 horas, na porta da mais representativa unidade do Exército, o Comando Militar da Amazônia (CMA).
Não só os militares, mas as forças de segurança do Amazonas e outras federais estão inertes diante desses atos pra lá de abusivos.
Trata-se da área escolhida pelos bolsonaristas desde 2018 para as manifestações do então candidato a presidente.
Essa região da classe alta, predominantemente, portanto, tornou-se simbólica para os bolsonaristas.
Não à toa, pela segunda eleição, os eleitores preferiram Jair Bolsonaro.
De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta eleição, por exemplo, a 40ª zona eleitoral, onde votam eleitores da Ponta Negra, deram vitória a Bolsonaro sobre Lula da Silva por 63,36 a 36,64% dos votos válidos. Ou 63.488 votos a 36.702. Esta zona eleitoral abrange os bairros próximos da Ponta Negra: Alvorada, Dom Pedro, Lírio do Vale, Nova Esperança, Santo Agostinho e zona rural. Confira no mapa abaixo:

Diante disso, chama atenção não somente o perfil majoritário bolsonarista da respectiva região da cidade, mas o que está ocorrendo nas redondezas e como isso tem refletido justamente na vida dos que votaram em Bolsonaro.
Ali nas proximidades, a vizinhança acompanha a vista do alto de seus apartamentos dentro de condomínios luxuosos os apoiadores do presidente derrotado pedirem golpe de estado e contestando o resultado das urnas que deram vitória ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, em 30 de outubro.
Com um cenário cada vez mais caótico e sem nenhuma ação efetiva das autoridades de segurança pública para acabar com o transtorno, os golpistas montam barracas e acampam em frente ao CMA, com instalação de banheiros químicos e até mesmo uma grelha para churrascada dos ‘patriotas’.
Suspostamente a baderna dita por moradores das redondezas tem sido financiada por empresários bolsonaristas de Manaus. De acordo a Justiça Eleitoral, os líderes dos atos golpistas e financiadores estão sendo identificados para demais procedimentos legais com base na lei.
Enquanto isso, o barulho de buzinas e dos carros de som entoando o hino nacional segue aparentemente sem dia e hora para terminar.
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