Último debate do 2º turno tem mais do mesmo: ataques e ofensas
Candidatos à Prefeitura de Manaus trocam acusações, fogem de temas essenciais para a cidade e desapontam quem ainda tinha esperança em uma discussão no campo das ideias.

Diamantino Junior
Publicado em: 24/10/2024 às 23:34 | Atualizado em: 25/10/2024 às 09:27
O debate entre David Almeida e Alberto Neto, realizado pela TV Amazonas, afiliada da Rede Globo, deixou a desejar para quem aguardava uma exposição de propostas sólidas na reta final do segundo turno. No que deveria ter sido uma oportunidade para os candidatos esclarecerem como planejam governar Manaus, os quatro blocos foram marcados por trocas de acusações e ofensas, deixando a população sem um panorama claro das reais intenções de cada um para áreas críticas, como saúde, habitação e transporte público.
Em um dado momento do confronto, o candidato Alberto Neto ficou muito próximo do seu adversário que taxou a atitude de tentativa de intimidação que foi seguida de acusações sobre a conduta de Alberto quando estava na ativa da Polícia Militar (PM).
Já no primeiro bloco, o embate teve como foco ataques mútuos, com Alberto Neto insistindo em acusações de corrupção contra David Almeida e sua família e secretários, que respondeu mencionando uma punição da Justiça Eleitoral, recebida pelo adversário, por suposta divulgação de fake news contra ele.
Essa postura inicial estabeleceu o tom do debate, sinalizando o que viria adiante: a constante falta de foco em planos estruturados para os problemas da cidade.
Para os eleitores, a ausência de debates construtivos sobre saúde e habitação é particularmente alarmante, dado que são áreas em que Manaus enfrenta sérios desafios.
O segundo bloco foi dedicado ao tema da saúde, onde Alberto Neto apresentou a promessa de construir dois hospitais. Entretanto, não forneceu detalhes fundamentais para a viabilidade da proposta, como prazos, fontes de financiamento ou localização, o que fragilizou sua argumentação.
Almeida, em contrapartida, manteve a estratégia de críticas, chamando o adversário de “saco de nada”, alegando que ele faz promessas vagas.
Ambos deixaram de lado explicações concretas que poderiam ter beneficiado o público que busca entender como os candidatos lidarão com as demandas de saúde na cidade.
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A abordagem sobre habitação, no terceiro bloco, seguiu o mesmo padrão: ao invés de um debate focado em alternativas viáveis, o bloco se tornou uma arena de acusações.
A pergunta de David Almeida sobre a quantidade de moradias trazidas por Alberto Neto poderia ter aberto espaço para discussões mais profundas sobre políticas habitacionais, mas a resposta do adversário não se traduziu em propostas efetivas, pois ele voltou à temática de acusações de corrupção contra o atual prefeito.
A troca de ataques obscureceu os reais posicionamentos dos candidatos quanto ao enfrentamento do déficit habitacional, uma das questões mais urgentes para Manaus.
No quarto e último bloco, dedicado a obras públicas e transporte coletivo, a expectativa era de que os candidatos finalmente discorressem sobre questões centrais para a infraestrutura e mobilidade urbana da capital. No entanto, a abordagem de Alberto Neto continuou pautada em ataques à administração de Almeida, que, por sua vez, reiterou obras realizadas durante seu mandato, como reformas de escolas e unidades de saúde, sem fornecer visões de longo prazo para os setores discutidos.
Assim, o debate encerrou-se sem acréscimos significativos para o eleitor que busca respostas claras para os desafios enfrentados em Manaus.
Na reta final da campanha, o debate exibiu a falta de disposição dos candidatos para expor detalhadamente suas metas e viabilizações.
Ambos os candidatos se esforçaram em, na reta final, tentar “colar” polêmicas um no outro e deixaram em segundo plano as reais propostas para solucionar as demandas que a cidade de Manaus, que completou 355 anos de fundação, precisa.
Foto: reprodução TV