Janela partidária se abre dia 7, mas não se escancara

Vereadores de Manaus estão de olho nos cabeças de chave nesta eleição para tomar rumo

Ferreira Gabriel

Publicado em: 04/03/2024 às 19:26 | Atualizado em: 04/03/2024 às 19:26

No próximo dia 7 de março, uma quinta-feira, começa o período permitido a políticos para troca-troca de partidos. É a conhecida janela partidária, que dura um mês, até 7 de abril, portanto. 

Ela foi pensada para resolver um problema que gerou polêmica na Justiça eleitoral, com muitas cassações de mandato.

É que, no ano do pleito, políticos com mandato resolviam trocar de partido e, dessa forma, eram enquadrados na lei por infidelidade partidária.

Assim sendo, reforma eleitoral de 2015 criou seis anos depois a lei 13.165, para permitir que a infidelidade resultasse em perda de mandato, a maior consequência do troca-troca de partido.

Em vista disso, a lei tem muita importância para os concorrentes de cargos proporcionais. No caso, deste ano, os vereadores.

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Aberta, não escancarada

No caso de Manaus, não se pode dizer que a abertura será total para os vereadores. 

É que seus movimentos dependem dos cabeças de chave, dos pré-candidatos a prefeito. E essa condição no jogo deste ano ainda é cercada de indefinições. 

Por exemplo, a situação do prefeito David Almeida (Avante). 

Ele vai trocar de partido? A parceria com o governador Wilson Lima (União Brasil), da eleição de 2022, vai prosperar? 

O fator David Almeida

É certo que Almeida vai defender o mandato em reeleição. Ainda neste dia 4 revelou ao BNC Amazonas que vai fazer isso no Avante, seu atual partido.

Contudo, seus aliados na câmara municipal acham que é cedo para escolher o partido para a eleição que acontece daqui a sete meses.

Desse modo, não botam muita fé no que disse Almeida e acham que sua decisão vai ser no limite do fechamento da janela.

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Efeito PL

Os aliados ao prefeito vão além nas especulações sobre o futuro partidário dele. 

Especulam, a título de exemplo, que Almeida ainda pode ir para o PL de Bolsonaro e de Alfredo Nascimento.

Seria uma forma de neutralizar a propalada chapa puro-sangue e militarista de Alberto Neto e Alfredo Menezes Júnior, o coronel compadre de Bolsonaro.

Na primeira pesquisa registrada na Justiça, essa chapa do PL aparece em terceiro, abaixo de Almeida e do pré-candidato Amom Mandel (Cidadania). 

Assim sendo, Almeida é um cabeça de chave nesta eleição que ainda vai formar seu time.

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O fator Amom Mandel

Outro movimento nesse sentido de definir o vaivém de políticos entre os partidos deve causar Mandel, que já lançou pré-candidatura a prefeito de Manaus. 

Vereadores dizem que ele ainda não se movimentou na câmara, de onde saiu para se eleger deputado federal em 2022.

Disputando a ponta na intenção de votos dos eleitores com Almeida, conforme as pesquisas, ele fatalmente vai influenciar a janela partidária, segundo os bastidores da política.

O União Brasil de Cidade

Nome do partido do governador Wilson Lima a se lançar pré-candidato a prefeito, o presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM) também deve ter muito peso na troca-troca partidária.

Além de já ter forte influência sobre os 41 vereadores, por conta do governador, Cidade também tem atuado no vácuo de uma câmara bem dispersa sobre base de apoio do atual prefeito.

O deputado tem dito que tem um bom grupo de vereadores em seu apoio. 

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PSD e MDB

Quem tem pretensão de se candidatar nesta eleição, não deve deixar de prestar atenção nos movimentos de caciques políticos do Amazonas.

Por exemplo, nos senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB).

Se quiser continuar no Senado, Braga deve formar uma nova base aliada no estado. O que tem hoje não garante sua reeleição em 2026.

Afinal, desde 2014, na disputa com José Melo (Pros) pelo Governo do Estado, Braga vem sofrendo derrotas. Conseguiu se reeleger em 2018 com muita dificuldade, no apagar das luzes.

Aziz, de outro lado, vem acumulando importante capital eleitoral desde sua reeleição e depois de assumir altas posições na política nacional.

Por exemplo, o firme comando da CPI da covid em enfrentamento aberto a Bolsonaro e seus aliados.

Além de ter sido o grande líder da campanha vitoriosa de Lula contra Bolsonaro no Amazonas, as recentes apurações do STF provam que as investigações da CPI de Aziz estavam certas.

Agora, de olho no Governo do Estado, Aziz trabalha para fortalecer sua base aliada. E a janela partidária é uma boa oportunidade para atrair parcerias influentes.

Desse modo, Aziz deve influenciar as mexidas de vereadores e também no interior do estado.

Hoje, todavia, nada disso é muito claro na prática. Ou seja, a janela vai se abrir, mas não ficará escancarada, por enquanto.

Foto: Gilmal