Marçal avança em espaço bolsonarista e põe influência de Bolsonaro em xeque

Candidato cresce nas pesquisas e ultrapassa o de Bolsonaro, Ricardo Nunes, desafiando a liderança do ex-presidente sobre sua base eleitoral.

Publicado em: 23/08/2024 às 15:09 | Atualizado em: 23/08/2024 às 15:10

A famosa frase de Saint-Exupéry em “O Pequeno Príncipe” poderia ser mais valorizada na política: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Embora essa análise política comece com uma referência de um livro frequentemente associado a crianças, ela se aplica de forma surpreendente ao crescimento eleitoral de Pablo Marçal (PRTB), um personagem que se autodenomina “ex-coach” e ganhou destaque na internet com mensagens de autoajuda.

Marçal, que se aproximou da família Bolsonaro e adotou suas táticas de intimidação e radicalização, agora desafia a capacidade de Jair Bolsonaro (PL) de manter o controle sobre sua própria base eleitoral na maior capital do país.

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De acordo com a última pesquisa Datafolha, Marçal ultrapassou numericamente Ricardo Nunes (MDB), candidato apoiado pelos Bolsonaro, com 21% das intenções de voto, enquanto Nunes tem 19%.

Apesar de ser um empate técnico dentro da margem de erro, esse resultado coloca Marçal entre os principais concorrentes na disputa pela prefeitura de São Paulo.

A mudança nas estratégias de campanha de Nunes reflete essa nova dinâmica. Desde o início desta semana, a equipe de Nunes percebeu que Marçal estava conseguindo atrair parte do eleitorado bolsonarista, afastando-o do emedebista.

Em resposta, Jair Bolsonaro e seus filhos começaram a manifestar apoio público a Nunes e a criticar Marçal, com Eduardo Bolsonaro associando Marçal a figuras ligadas ao crime organizado em São Paulo.

Influenciadores próximos ao bolsonarismo raiz também passaram a atacar o candidato, tentando desqualificá-lo como um aventureiro político.

No entanto, ele intensificou ainda mais seu discurso radical, acusando adversários de maneira agressiva e sem apresentar provas, o que ressoou com uma parte da base bolsonarista que demanda uma postura ainda mais extremada.

Resta saber se Bolsonaro conseguirá reassumir o controle sobre seu eleitorado em São Paulo ou se Pablo continuará a crescer, utilizando as próprias armas que o bolsonarismo popularizou para dividir a base do ex-presidente.

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Foto: RS via Fotos Públicas