Por Rosiene Carvalho , da Redação
Um clima de tensão entre os candidatos marcou o debate da TV Band desta quarta-feira, dia 12, em que participaram seis dos sete candidatos ao Governo do Amazonas. Pela primeira vez, nesta campanha, o candidato Amazonino Mendes (PDT) se fez presente em um debate com os demais adversários. Vitrine principal em todos os debates em que esteve ausente, Amazonino dividiu o foco de alvo de pedradas com o apresentador da TV A Crítica Wilson Lima (PSC).
O candidato Sidney Cabral (PSTU) não pode participar porque as emissoras de TV adotam critério de corte pela baixa representatividade da sigla no Congresso Nacional.
Candidatos Amazonino Mendes (PDT) e Omar Aziz (PSD) no debate da TV BAND. Foto: Rosiene Carvalho
Sem foco
O estreante do debate nesta eleição, Amazonino Mendes, na maioria das vezes, não conseguiu concluir as respostas e o raciocínio nos questionamentos de confronto com os demais candidatos e nas perguntas dos convidados. Chamou a atenção, na disposição das cadeiras, que ele ficou ao lado de Omar Aziz mas não trocaram cumprimentos. Sequer viravam o pescoço na direção um do outro. Ambos eram aliados há menos de um ano.
Sem se encolher
Amazonino não se encolheu diante dos ataques, quando questionado pelo presidente da ALE-AM, David Almeida, sobre dispensas milionárias numa série de licitações no governo tampão. Respondeu dizendo que David, em apenas quatro meses e num só contrato, dispensou bilhões. Na réplica, David disse que Amazonino estava mal informado e que havia uma decisão judicial confirmando a questão levantada por ele como fake news e que nenhum tostão saiu dos cofres do Estado no citado contrato.
Olhos que falam
Nesse momento, as câmeras estavam voltadas para David, mas quem estava no estúdio pode ver os olhos questionadores e de cobrança de Amazonino se voltarem para a equipe de marketing que o acompanhava.
“Um era ele…”
No estúdio, com um caderno onde anotava atento cada detalhe de respostas no debate de forma compenetrada, o marqueteiro de Amazonino Mendes, Marcus Martinelli, em apenas um momento se sacudiu na cadeira e gesticulou como em protesto. Foi quando Wilson Lima polemizava dizendo que o governo tem gorduras, especialmente na Casa Civil, com excesso de funcionários. Martinelli disse: “Um era ele”.
Rouco…
O senador e candidato ao Governo Omar Aziz (PSD). Estava muito rouco e engasgou em algumas palavras, que insistiram em não sair. Mas, num contexto geral, forçou a garganta para dar seu recado. Voltou a dizer que o governo vai dar calote nos fornecedores em 2018; disse que o Wilson Lima estava com mania de achar que era o melhor que os outros; e, sentado, se divertiu com sorriso discreto enquanto David Almeida e Amazonino Mendes trocavam farpas.
Irritado
Omar passou a maior parte do debate carrancudo, demonstrando irritação, semblante que tem sido frequente em ambientes de entrevistas nesta campanha, e chegou a bater boca com o mediador do debate por três vezes, reclamando direito de resposta. O que não foi concedido a ele. Apenas Amazonino Mendes e David Almeida tiveram o pleito atendido durante o programa.
DAvid Almeida no debate da Band TV com o marqueteiro Sabá Noronha. Foto: Rosiene Carvalho
O brincalhão
Embora demonstrasse concentração nos dados e números na frente das câmeras, o candidato David Almeida chamou atenção e até causou risos discretos no estúdio ao usar caretas para descontrair ou aliviar a tensão nos momentos em que os holofotes não estavam virados para ele. Nos intervalos, era auxiliado pelo marqueteiro Sabá Noronha.
Wilson Lima no debate da TV Band. Foto: Rosiene Carvalho
Tenso …
A postura de David era inversamente proporcional à imagem do candidato que estava ao seu lado, Wilson Lima. O apresentador demonstrou semblante acabrunhado. Sentado, não parava de tremer as pernas e apertar os dedos das mãos. Em outros momentos, olhava o nada e mexia com a aliança. Questionado no final do debate do porquê do semblante, Wilson disse que o ritmo é novo para ele que não é “político profissional”.
Wilson Lima no debate da TV Band. Foto: Rosiene Carvalho
… mas “bem sucedido e de sucesso”
Quando questionado sobre a falta de experiência para governar o Estado , Wilson Lima disse que há mais de 12 anos acompanha de perto o sofrimento do povo. Mas também destacou que era um homem de sucesso e por isso não chegou naquele espaço à toa.
“Há mais de 12 anos que tenho acompanhado de perto o problema e o sofrimento do cidadão. Hoje, eu sou um homem bem sucedido, um homem de sucesso. Eu não cheguei aqui à toa”, rebateu.
“Esse cara sou eu”
Na mesma resposta, Wilson deu um dado ao eleitor que anda carente de informação, em função da proibição de divulgação de pesquisas por determinação da justiça: o candidato disse, no tempo presente, que é líder de intenção de votos em Manaus. “Não é à toa que dominamos as pequisas na capital. Nós estamos na frente. Não é à toa. As pessoas me conhecem”, disse
Problemas a caminho
Embora as pesquisas antes do período de campanha de fato apontassem liderança de Wilson em Manaus, o jurídico dos adversários dele avalia que o candidato usou o tempo presente na informação e que essa “prestação de informação” não seria legal. Analisam interpelar o apresentador no TRE-AM.
Berg da UGT (PSOL) no debate da TV Band. Foto: Rosiene Carvalho
O risonho
O candidato do PSOL, Berg da UGT, consolidou em mais um debate sua postura tranquila, serena e diferente dos candidatos de esquerda em toda a história de debates no Amazonas. O antecessor dele Herbert Amazonas usava o espaço para provocar o eleitor a refletir que todos são do mesmo grupo e defender as ideias socialistas. Berg não perde a linha, mas perde a oportunidade de se destacar.
Script
A candidata Lúcia Antony (PCdoB), com voz firme e fala clara, manteve a pauta que tem sido cumprida em todos os espaços de campanha: defende a candidatura petista ao Governo Federal, a candidatura de Vanessa Grazziotin (PCdoB) ao Senado e não perde oportunidade de agulhar o candidato David Almeida, que preteriu os comunistas neste pleito.
Fotos: Rosiene Carvalho