PSC de Wilson faz 13 prefeitos no Amazonas e MDB de Braga encolhe quatro
Partido do governador do Amazonas foi o que mais cresceu no interior, com 13 prefeitos eleitos. Os medebistas perderam quatro prefeituras

Gabriel Ferreira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 18/11/2020 às 09:00 | Atualizado em: 18/11/2020 às 09:09
Com 13 prefeitos eleitos cada, o Partido Social Cristão (PSC), do governador Wilson Lima, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do senador Eduardo Braga, conquistaram a maioria das prefeituras do interior do Amazonas.
Sem representante na disputa pela Prefeitura de Manaus, o PSC investiu em nomes no interior do estado. Foram 35 candidatos a prefeito e 48 a vice-prefeito nos 61 municípios.
O principal deles foi em Manacapuru, onde o partido investiu em Ângelus Figueira, ex-prefeito da cidade. Mas, ele acabou derrotado pelo atual prefeito, Beto D’Ângelo (Republicanos).
Apesar desse tropeço, o partido saiu com 13 prefeitos das 61 prefeituras do Amazonas. Sete deles disputavam reeleição, e seis conseguiram sucesso nas urnas.
Puxa o time de Wilson Lima no interior o prefeito de Maués, Júnior Leite, eleito com 60% dos votos válidos.
Os demais são Andreson Cavalcante, em Autazes, com 42%; Eraldo CB, em Boa Vista do Ramos (55%); Frederico Júnior, em Novo Airão (64%); Tico Braz, em Caapiranga (65%); e Chico Belo, em Anamã (57%).
Portanto, só quem ficou pelo caminho foi Oneide Lopes, em Japurá. Ela obteve 30% dos votos, porém foi superada por Professor Vanilso, do PSD, eleito com 55%.
Sob as bênçãos do governador
Dentre os 13 eleitos do PSC, com as bênçãos do governador Wilson Lima, destaca-se Mário Abrahim, em Itacoatiara. Trata-se do quarto maior colégio eleitoral do Amazonas, com 67.270 eleitores.
Abrahim ganhou a prefeitura do importante município com 38% dos votos válidos.
As demais prefeituras conquistadas pelo PSC são de Alvarães, com Lucenildo de Souza; Apuí, com Marcos Antônio Lise; Atalaia do Norte, com Dênis Paiva; Canutama, com José Roberto Torres; Humaitá, com Dedei Lobo; e Tapauá, com Gamaliel Almeida.
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MDB vai bem, mas encolhe
O MDB dividiu com o PSC o melhor resultado no interior do Amazonas, embora saia encolhido desta eleição em comparação com o que conquistou em 2016. Isso porque perdeu quatro das 17 prefeituras que comandava. Só 13 prefeitos, então, conseguiram se reeleger.
Assim como o PSC, o MDB não encarou a eleição na capital. No seu caso, por falta de quadro competitivo. Então, o cacique Braga, de olho nas eleições de 2022, quando pretende voltar a ser governador, foi na segurança e apostou em velhos conhecidos da política nos municípios.
Por exemplo, Glênio Seixas (Barreirinha), Bruno Ramalho (Carauari), Gean Barros (Lábrea), Enrico Falabella (Urucará) e Jair Souto (Manaquiri). Além desses, os irmãos Bemerguy na tríplice fronteira com Colômbia e Peru, David (Benjamin Constant) e Saul (Tabatinga).
No baixo clero do MDB no interior, Braga reelegeu ainda Adenilson Reis (Nova Olinda do Norte), Edson Mendes (Barcelos), Dona Maria (Beruri), João Campelo (Itamarati) e Dr. Júnior (Juruá).
Além disso, o MDB ganhou a Prefeitura de Presidente Figueiredo com a estreante Patrícia Lopes.
Os derrotados do partido foram nos municípios de Amaturá (Joaquim Corado), Pauini (Eliana Amorim), Santa Isabel do Rio Negro (Araildo Careca) e São Sebastião do Uatumã (Fernando Falabella não concorreu por estar no segundo mandato seguido).
Dessa maneira, apesar dos tropeços, Braga espera ter deixado uma boa base de “cabos eleitorais” no interior do estado para 2022.
Na capital, apoio que diminui
Braga, mesmo sem lançar nome do MDB para brigar pela prefeitura da capital, tentou marcar território. Para isso, colou o partido na coligação de Amazonino Mendes (Podemos) e tentou, sem sucesso, encaixar o vice na chapa.
Talvez percebendo as intenções do aliado, Amazonino não fez tanta questão de mostrá-lo na campanha. Ou talvez por receio que o apoiador mais atrapalhasse que o ajudasse a conquistar votos. E pode ter sido essa, o apoio de Braga, uma das razões para o declínio vertiginoso dos votos obtidos pelo ex-governador. A ponto de, depois de liderar com folga todas as pesquisas eleitorais, por pouco não foi superado por David Almeida (Avante) na apuração. Venceu o primeiro turno, mas com margem mínima, de 1,5%.
Dessa forma, o resultado do primeiro turno em Manaus pode ser considerado um empate técnico. Conforme os analistas de números da apuração, esse apoio de Braga vai ter muito peso em provável derrota de Amazonino. Afinal, a primeira pesquisa no dia seguinte à apuração já coloca David à sua frente. E as pesquisas erraram no percentual de votos dos candidatos, mas não nos nomes que disputariam o segundo turno.
Portanto, Braga pode ter levado sua alta rejeição para as costas de Amazonino. E se isso acontecer, de seu candidato não se eleger no próximo dia 29, o medebista também pode ver frustrado o plano de voltar a ser governador do Amazonas daqui a dois anos.
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A divisão das forças
Além do PSC e MDB, os municípios ficaram sob comando de caciques tradicionais. Por exemplo, o senador Omar Aziz/PSD, o deputado federal Silas Câmara/Republicanos e os irmãos Átila e Belarmino Lins/Progressistas.
PSD
Apesar de perder a reeleição em dois municípios, Aziz saiu com seis novos prefeitos. O PSD lançou 19 candidatos.
A vitória do partido veio nos municípios de Manicoré, Careiro da Várzea, Japurá, Nhamundá, Pauini e Uarini.
Progressistas
Apesar de sofrer baixa na tentativa de reeleger seus 11 prefeitos de 2016, perdendo três deles, o Progressistas saiu fortalecido desta eleição. Foram, portanto, 20 candidatos a prefeitos no interior do Amazonas.
Para os planos de 2022, manteve o comando de importantes cidades do Amazonas. Por exemplo, com Adail Filho (Coari) e Anderson Souza (Rio Preto da Eva).
Além desses, o partido comandará Itapiranga, Guajará, Borba, Boca do Acre, Santa Isabel do Rio Negro e Codajás. Por outro lado, em Presidente Figueiredo e Tonantins o partido foi derrotado e não reelegeu o prefeito.
Republicanos
O partido não teve bom desempenho na capital, com a candidatura do deputado Capitão Alberto Neto.
Contudo, no interior o desempenho foi bom, com a conquista de oito cidades. Destaque para Manacapuru, o terceiro maior colégio eleitoral do Amazonas, com a reeleição do prefeito Beto D’Ângelo.
Os demais foram no Careiro Castanho, Maraã, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, São Sebastião do Uatumã e Tonantins. Apenas em Alvarães o partido não reelegeu Edy Rubem.
No total o Republicanos lançou 18 candidatos a prefeito pelo interior do Amazonas.
PL
Assim como o Republicanos, o PL ficou com o maior fiasco da eleição na capital. Mesmo indicado e apoiado pelo atual prefeito de Manaus, o cacique do PL Alfredo Nascimento amargou baixa votação.
No interior ainda conseguiu abocanhar duas prefeituras (Fonte Boa e Envira) dos oito candidatos que lançou. Manteve, dessa forma, o desempenho de há quatro anos. Em Humaitá, onde o prefeito disputava a reeleição, o partido foi derrotado.
PSDB
O partido do atual prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e do senador Plínio Valério sai menor deste pleito.
É que a partir de 2021 o partido não tem mais o comando da capital. Não conseguiu nem mesmo eleger Conceição Sampaio como vice-prefeita.
Como consolo, o PSDB ainda fez três prefeitos, em Ipixuna, Novo Aripuanã e Silves. Os dois primeiros foram reeleitos. A princípio, os tucanos lançaram 20 candidaturas a prefeito, mas em 17 cidades foram derrotados.
PT
Assim como acontece com o partido em todo o país, o PT também vem em queda livre no Amazonas. Apesar da boa performance do candidato José Ricardo na capital, ficando em terceiro lugar no primeiro turno, os petistas no interior terão só duas prefeituras, em São Gabriel da Cachoeira e Urucurituba.
Isso porque o partido não conseguiu reconduzir Antônio Peixoto a prefeito de Itacoatiara. A sigla lançou 11 candidaturas majoritárias, mas foi derrotada em oito municípios.
DEM
Dois prefeitos reeleitos e um novato de peso conquistando o poder. É o saldo do DEM, que manteve as prefeituras de Parintins e Eirunepé, com Bi Garcia e Raylan Barroso, respectivamente. Foram lançadas pelo partido, quatro candidaturas. Portanto, foram obtidos 90% de sucesso no pleito.
Além disso, conquistou o Executivo de Iranduba com Augusto Ferraz, que deixou a Assembleia Legislativa (ALE-AM).
Demais forças
O Pros, manteve um prefeito no interior, com a reeleição em Amaturá.
Igualmente, o PDT terá prefeito só em Jutaí e o PTB em Tefé.
Os prefeitos de 2021 a 2024
Fonte: TSE. *Candidatura Sub Judice (Registro de candidatura negado em 1° grau, aguardando julgamento de recurso no TRE-AM)
Foto: Diego Peres/Secom