Hora de decidir
"Votemos conscientes!", diz o articulista sobre a eleiรงรฃo no domingo.

Ednilson Maciel, por Flรกvio Lauria*
Publicado em: 03/10/2024 ร s 10:13 | Atualizado em: 03/10/2024 ร s 10:13
Neste domingo, o eleitorado brasileiro, e especificamente o amazonense, decide seus governantes municipais e seus representantes no Legislativo, no bojo de uma estridente crise polรญtica que nรฃo envolve apenas especificamente as relaรงรตes entre o governo e oposiรงรฃo, mas tambรฉm os fundamentos รฉticos da democracia representativa e do ideรกrio republicano.
Por vias inesperadas, estamos neste momento diante de duas prioridades do interesse do Estado e do povo brasileiro.
Jรก nรฃo se trata somente de convocar o eleitorado, vale dizer, a opiniรฃo pรบblica, para responder nas urnas se aprova ou desaprova o governo municipal que aรญ estรก.
Um novo elemento entrou em cena, pois agora se trata tambรฉm de procurar superar uma crise polรญtica que traz no seu ventre outras ameaรงas latentes, como sejam as que colocam em risco a estabilidade das instituiรงรตes, a governabilidade e o avanรงo inabalรกvel do paรญs no rumo do desenvolvimento sustentado e das conquistas sociais e humanรญsticas prรณprias da civilizaรงรฃo do primeiro mundo.
Chega a hora de perguntar: nรฃo seria tambรฉm o momento de pensarmos no desarmamento dos espรญritos na sociedade brasileira?
A crise polรญtica da corrupรงรฃo, dos mensalรตes, do festival de denรบncias, dos antagonismos que essas situaรงรตes anormais vรฃo criando e engrossando, parece abonar o nosso argumento.
ร preciso que ร inseguranรงa pรบblica, jรก por si uma tragรฉdia, nรฃo se some a inseguranรงa polรญtica.
E para enfrentarmos a inseguranรงa polรญtica, os remรฉdios sรฃo muito mais simples do que aqueles exigidos para debelar o banditismo: bastarรก que os nossos homens pรบblicos mais responsรกveis, dentro do Executivo, do Congresso, do partidos etc. decidam abandonar a fogueira dos confrontos e se dediquem a soluรงรตes construtivas, mergulhando no campo das reformas estruturais ou apenas operacionais do nosso modelo presidencialista.
O desarmamento dos espรญritos terรก que ser a tรดnica dominante de qualquer tentativa sรฉria de construรงรฃo sรณlida e racional da nossa arquitetura democrรกtica.
Do contrรกrio, seremos obrigados a pagar por mais alguns anos de caminhada inconsistente atรฉ que encontremos o rumo de uma democracia nรฃo apenas formal, mas tambรฉm mais ainda comprometida com princรญpios รฉticos rigorosos.
Estaremos, assim, fazendo justiรงa ร s expectativas e ร s esperanรงas da massa votante, por enquanto uma figura indefesa e, nรฃo raro, traรญda no cenรกrio da tรฃo consagrada vontade popular, em nome da qual sรณ entรฃo todo o poder pode ser considerado legitimamente exercido.
Votemos conscientes!
*O autor รฉ mestre e doutor em administraรงรฃo pรบblica.
Foto: Fernando Frazรฃo/Agรชncia Brasil