Meia-volta, volver!
LĂºcio Arril diz que Lula vai lembrar que se militares querem entrar na polĂtica devem deixar a farda

Por LĂºcio Carril
Publicado em: 19/01/2023 Ă s 13:17 | Atualizado em: 19/01/2023 Ă s 18:38
Subo no pĂ© de sumaumeira. JĂ¡ no cume enxugo os olhos molhados pela intensa chuva do inverno amazĂ´nico, avisto o planalto central e vejo pequenos contingentes de militares marchando rumo aos quartĂ©is.
Chego a lembrar daquela musiquinha quando eu era criança: “marcha, soldado, cabeça de papel…”.
Eles passaram de 11 mil durante o trĂ¡gico governo Bolsonaro, distribuĂdos por todos ministĂ©rios, em cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões e estatais.
Dos 23 ministérios, ocuparam 11 pastas.
Se embrenharam em todos os Ă³rgĂ£os do meio ambiente, na Funai e no Incra.
A saĂºde foi usada como casamata, com o general Pazuello a disparar sua metralhadora contra o povo contaminado pelo coranavĂrus.
Teve atĂ© mesmo um cangaceiro por nome Heleno assumindo um gabinete no PalĂ¡cio do Planalto.
Durante quatro anos os militares dividiram a responsabilidade de uma gestĂ£o nefasta no Brasil.
Foram cĂºmplices de um capitĂ£o-terrorista escorraçado para a reserva por planejar atentados dentro dos quartĂ©is.
E feito presidente pela ganĂ¢ncia de uma elite que sĂ³ pensa em ganhar dinheiro.
Os militares brasileiros nunca deram bom exemplo de nada.
Desde a ProclamaĂ§Ă£o da RepĂºblica que se masturbam pensando em golpe.
Odeiam a democracia e vivem sob a sombra de um inimigo imaginĂ¡rio, coisa de adulto que acredita em fantasma e transa com boneca inflĂ¡vel.
Agora chegou a hora da volta aos quartéis.
AmanhĂ£, dia 20 de janeiro, Lula vai enquadrar a turba. Vai lembrar ao generalato que as forças armadas tĂªm deveres constitucionais e, se militares querem entrar na polĂtica, devem deixar a farda.
O poder polĂtico Ă© civil.
Com rarĂssimas exceções, os militares brasileiros nunca foram exemplo de nacionalismo.
Assim como seu capitĂ£o-fascista, batem continĂªncia para o Tio Sam e seguem suas ordens. E a ordem do imperador agora nĂ£o Ă© a mesma de 1964.
NĂ£o tem fuzil nem tanques, sĂ³ viagras, biscoitos e muito leite condensado para lambuzar o bucho estufado pelo Ă³cio improdutivo.
*O autor Ă© sociĂ³logo
Foto: ReproduĂ§Ă£o/internet