As eleições de vereadores e prefeitos no Amazonas foram atípicas. Isso a gente já sabia.
Atípicas por causa da seca dos rios que isolou comunidades e cidades inteiras.
Então, muitos podem ter se perguntado: “Como o estado realizou o pleito?”.
Hoje, na sessão de solenidade de posse da advogada Maria Benigno como integrante da corte eleitoral, o presidente do TRE-AM, desembargador João Abdala Simões, contou um caso peculiar.
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A história de Simões
“ Nós tivemos que dobrar o número de localidades que são costumeiramente atendidas por helicópteros. Normalmente, são 40; neste ano, foram 80. E foi difícil.
No dia anterior, só para contar uma pequena história, no dia anterior da eleição, nós tínhamos que levar as urnas para uma localidade no interior do Amazonas que eu não me lembro o município, que não estava na programação inicial.
O rio secou tanto que ele teve que entrar e não tinha mais como acomodar essa comunidade. Aí, a Polícia Civil cedeu o helicóptero deles para fazer esse transporte da urna, no sábado, de manhã (doutor Marcelo se lembra bem da história).
Só que ele (o helicóptero) não tinha autonomia para chegar ao local.
Aí nós tivemos… a Polícia Civil mandou um caminhão-tanque para Itacoatiara. Só que, no meio do caminho, o caminhão pregou. E não ia chegar o combustível.
Aí, tivemos que fazer uma outra operação para consertar: levar uma peça para esse caminhão que estava no meio da estrada Manaus-Itacoatiara. Para consertar esse caminhão, para levar o combustível para Itacoatiara, para esse helicóptero sair de Manaus, reabastecer em Itacoatiara, e ir a Urucará, para levar essas urnas para Urucará.
E, portanto, todas as sessões foram montadas e todos puderam votar.
E mais: o nosso interior, até a própria ministra Carmem Lúcia (presidente do TSE) falou isso: (o Amazonas) deu lição de democracia, de cidadania. Tivemos menos abstenção que nos anos anteriores apesar de tudo”.
Ilustração: Gilmal