Em novo estudo, o pesquisador da Fiocruz /Amazônia Jesem Orellana concluiu que a abertura das atividades, em três períodos, aumentou os casos de coronavírus (covid-19) e fez o número de mortes saltarem em Manaus.
“É o que chamamos de relação dose-resposta em epidemiologia, passa o tempo, aumenta a exposição e aumenta o desfecho, neste caso, mortes por covid-19”, explicou o epidemiologista.
Foram avaliados os períodos entre 3 a 23 de agosto, marcado pelo retorno das aulas presenciais na rede pública estadual, em 10 de agosto; 29 de agosto a 18 de setembro, marcado pelo feriado prolongado de 5 a 7 de setembro; e de 23 de setembro a 13 de outubro, marcado por novo retorno das aulas presenciais.
No primeiro período se observou um excesso de mortes de 88%, no segundo de 92%, e no terceiro de 154%.
“Em cada um desses períodos, foram avaliados dados de duas semanas consecutivas, tomando-se como referência, para avaliação de excesso de mortes por covid-19, a média do total de mortes em cada uma das duas semanas anteriores ao 10 de agosto de 2020”, afirmou Orellana.
Segundo ele, não há dúvidas de que a flexibilização das atividades nos períodos avaliados foram gradativamente aumentando a circulação de pessoas, o que resultou em sobrecarga expressiva na rede médico-hospitalar e aumento de casos novos e mortes.
O pesquisador demonstra preocupação com o efeito do aumento do número de casos e mortes por causa do período eleitoral.
Para ele, seria a cota d´água juntar a movimentação de campanha da eleição com as festas de fim de ano, o que pode transformar janeiro no mês de luto e não de descanso.
Ele ainda lamentou que os estudos não estão sendo suficiente para sensibilizar os gestores públicos.
“O governo do estado do Amazonas já autorizou o retorno do funcionamento de flutuantes e planeja autorizar a reabertura de bares e casas de show, a partir de 1º de dezembro”, criticou.
Foto: FVS-AM/reprodução