AlĂ©m do AM, covid jĂ¡ mata mais na segunda onda em seis estados
Embora nĂ£o haja consenso entre especialistas se o Brasil vive uma segunda onda da pandemia ou apenas um repique da primeira, em quase todos os estados o nĂºmero de mortes voltou a crescer apĂ³s um perĂodo de queda

Publicado em: 25/02/2021 Ă s 11:49 | Atualizado em: 25/02/2021 Ă s 20:13
Em sete das 27 unidades federativas do Brasil o pico de mortes por covid-19 em 2021 jĂ¡ superou o ponto mais alto da pandemia em 2020.
Em Roraima, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, RondĂ´nia, ParanĂ¡ e Amazonas, a semana mais letal deste ano soma mais mortes que a pior do ano passado.
Nesta quarta (24), o Brasil ultrapassou a marca de 250 mil mortes por Covid-19.
Embora nĂ£o haja consenso entre especialistas se o Brasil vive uma segunda onda da pandemia ou apenas um repique da primeira, em quase todos os estados o nĂºmero de mortes voltou a crescer apĂ³s um perĂodo de queda.
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No Amazonas, onde esse fenĂ´meno Ă© mais expressivo, a semana com mais Ă³bitos, no fim de janeiro, teve mais que o dobro de mortes daquela em que mais morreram pessoas em 2020: 149 e 66, em mĂ©dia, por dia, respectivamente.
O estado, que enfrentou grave colapso do sistema de saĂºde em abril do ano passado e em janeiro deste ano, Ă© um caso incomum.
SĂ£o poucas as regiões que foram epicentro de casos e mortes no inĂcio de 2020, passaram por perĂodo de queda constante e viram novamente a situaĂ§Ă£o piorar.
Estados como CearĂ¡, Pernambuco, ParĂ¡ e MaranhĂ£o, que viveram situações muito graves jĂ¡ no inĂcio da pandemia e passaram por longo perĂodo com mortes em queda, hoje tĂªm um cenĂ¡rio mais brando, com nĂºmeros ainda distantes do pico da primeira fase —ainda que com crescimento.
JĂ¡ Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, que viram o ritmo de contaminaĂ§Ă£o acelerar mais tardiamente, jĂ¡ em meados do ano passado, e tiveram perĂodos mais curtos de desaceleraĂ§Ă£o, agora vivem uma disparada de mortes.
No caso desses trĂªs Ăºltimos estados, a nova alta de infecções, segundo epidemiologistas, pode indicar mais um repique que propriamente uma segunda onda da doença.
Cientistas ainda nĂ£o sabem ao certo quanto tempo dura a imunidade de pessoas que tiveram a Covid-19 e se curaram, e hĂ¡ casos de reinfecĂ§Ă£o comprovados, embora raros. Especula-se, porĂ©m, que o corpo apresente menor resistĂªncia a novas variantes, o que pode ajudar a explicar o que ocorreu com britĂ¢nicos e amazonenses.
No Reino Unido, assim como no Amazonas, a segunda fase foi mais grave que a primeira.
Isso ocorreu em todas as regiões do paĂs — incluindo a regiĂ£o de Londres, onde os casos se concentraram no inĂcio da pandemia.
Assim como ocorre no estado brasileiro, os britĂ¢nicos enfrentam uma nova variante do coronavĂrus, com maior poder de disseminaĂ§Ă£o.
Para efeito de comparaĂ§Ă£o, o estado americano de Nova York e a regiĂ£o da Lombardia, na ItĂ¡lia, foram os locais mais afetados pelo coronavĂrus nos EUA e na Europa no inĂcio da primeira onda, entre março e abril do ano passado.
Desde o fim de 2020, casos e mortes voltaram a crescer nas duas localidades, mas nĂ£o chegaram aos patamares do ano passado. A semana com pico de mortes na regiĂ£o italiana, por exemplo, teve menos da metade dos Ă³bitos observados no pior perĂodo da pandemia, em março.
JĂ¡ em Nova York, o pico da segunda onda equivale a 15% das mortes observadas no pico da primeira.
No Brasil, em quatro estados (SĂ£o Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina) a atual fase da pandemia tem nĂºmeros que se aproximam, mas ainda nĂ£o superam aqueles registrados no perĂodo mais crĂtico de 2020.
No Rio, embora as mortes apresentem tendĂªncia de queda, hĂ¡ alta no nĂºmero de casos, e Ă© possĂvel que haja nova subida de Ă³bitos.
JĂ¡ Santa Catarina, SĂ£o Paulo e Bahia passam por perĂodo de crescimento de Ă³bitos e infectados. Nos dois Ăºltimos estados, onde jĂ¡ foram detectados casos da nova variante do Amazonas, foi decretado toque de recolher Ă noite como tentativa de frear a evoluĂ§Ă£o da epidemia.
No Ăºltimo mĂªs, em todo o Brasil, morreram mais de mil pessoas por dia, em mĂ©dia.
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Foto: divulgaĂ§Ă£o