Alerta aos candidatos à Prefeitura de Manaus nesta eleição: a capital amazonense está entre os 20 piores municípios do Brasil em atendimento ao saneamento básico.
Da mesma forma, também está entre as cidades brasileiras com número alto de internações por doenças de veiculação hídrica, segundo o DataSUS 2022: são 1.670 internações totais, com 26 óbitos.
Já em todo o Amazonas, entre 2021 e 2023, houve 8.187, com 1.316 óbitos causados por doenças relacionadas à falta de saneamento básico nos seus 62 municípios.
Com o sistema privatizado desde julho de 2000, Manaus ocupa a 86ª posição entre os 100 municípios mais populosos do país com apenas 26,79% de atendimento total em saneamento básico e 21,8% em tratamento de esgoto.
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, são 10.584 pessoas que ainda não têm acesso à água em Manaus, o que representa 0,5% da população. Isso quer dizer que 99,5% dos manauenses têm abastecimento de água em casa.
No entanto, 1.525.365 de habitantes, ou 73,9% da população, vivem sem coleta de esgoto, assim como 78.844 pessoas também não têm esgoto tratado na capital amazonense, o que representa 21,8% de esgoto tratado em relação à água consumida.
Leia mais
Investimento per capita
Segundo o Instituto Trata Brasil, os investimentos totais em saneamento básico, em 2022, na cidade de Manaus, chegaram a R$ 224.269.326,36, sendo que o valor per capita é irrisório: R$ 108,67.
No caso das capitais da região Norte, Belém (PA), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) trataram menos de 5% do esgoto coletado, e embora Macapá (AP) tenha tratado 22,17%, coletou de somente 8,05% da população.
Os dados constam da 16ª edição do “Ranking do Saneamento 2024”, publicado pelo Instituto Trata Brasil (ITB), em parceria com GO Associados.
Leia mais
Internações
Outro levantamento importante, a ser observado pelos candidatos a prefeito nessas eleições, é o da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (AbconSindicon). O estudo foi divulgado pela agência iNFRA.
A partir de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), a entidade constatou que as doenças relacionadas à falta de saneamento básico foram responsáveis, por ano, por cerca de 330 mil internações e R$ 740 milhões de despesas com as internações, na média dos últimos três anos no Brasil.
Leia mais
Amazonas
Em relação ao Amazonas, com 3,9% de internações (8.187), o índice regional fica abaixo apenas de Rondônia (4,6%) e do Pará (4,5%).
Os demais estados da região Norte aparecem da seguinte forma: Tocantins, 2,3%, Roraima, tem 3% de internações, seguido pelo Acre (3,1%).
Por fim, entre as sete unidades da região Norte, o Amapá aparece com a menor taxa de internação por doença causada por falta de saneamento básico: 1,9%, ficando acima apenas do estado de Alagoas, no Nordeste, a primeira do país, com 1,7%.
De acordo com a agência iNFRA, a desigualdade acompanha os índices de cobertura de água e esgoto do país, que são maiores nos estados do centro-sul do país e menores no Norte e Nordeste, conforme dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil. Na média, o país ainda tem 44% da população sem atendimento de esgoto e 16% sem água. A meta prevista em lei é chegar a 90% de cobertura de esgoto e 99% de água até 2033.
Leia mais
Universalização
“Este levantamento destaca a necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno do acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto. Vimos também que o tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado”, afirma a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto.
Assim, a executiva lembra que o prazo final é de menos de 10 anos para cumprir o compromisso de universalização do saneamento que o país assumiu para com os seus cidadãos.
“Ainda assim, cinco capitais da região Norte e três da região Nordeste não tratam sequer 35% do esgoto gerado. Neste ano, de eleições municipais, é preciso trazer o saneamento para o centro das discussões”.
Amazonas e saneamento
• População – 3.941.613 habitantes;
• Sem acesso água – 805.951 pessoas (20,4%);
• Sem coleta de esgoto – 3.381.021 (85,8%);
• Esgoto não tratado – 154.776,93 (20,2%);
• Investimentos em saneamento – R$ 250.293.047,47;
• Investimentos per capita – R$ 63,50;
• Internações totais por doenças de veiculação hídrica – 8.187
• Óbitos por doenças por falta de saneamento – 1.316 óbitos
*Com informações da Agência iNFRA e Instituto Trata Brasil.
Foto: Instituto Trata Brasil/Divulgação