O Amazonas aparece com 116 km² de área sob alerta de desmatamento na Amazônia, segundo dados divulgados, nesta sexta-feira (12), pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe ). Na região, o estado só fica atrás do Pará com 501 km².
Mato Grosso (105 km²), Rondônia (100 km²), Acre (40 km²), Roraima (8 km²), Maranhão (4 km²), Amapá (2 km²), e o Tocantins (1 km²) completam a lista.
De acordo com o sistema Deter, são 877 km² de área sob alerta em toda a região no mês de outubro, mais um recorde na série histórica iniciada em 2016. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve um aumento de 5%.
A área mais crítica no Amazonas continua sendo a região Sul. O município de Lábrea, por exemplo, aparece com 36,5 km² de área tombada, o quinto de toda a região que tem na primeira posição Altamira (PA) com 52,7 km².
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Em Lábrea, o problema é crítico está em áreas de proteção como a Floresta Nacional do Iquiri, a Reserva Extrativista do Médio Purus e o Parque Nacional Mapinguari.
Além de Lábrea, contribuíram para o desmatamento no Amazonas Apuí (20.2 km²), Novo Aripuanã (9,8 km²), Boca do Acre (9,2 km²), Canutama (7.4 km²), Humaitá (6,7 km²), Manicoré (4,8 km²), Maués (3,7 km²), Japurá (2,3 km²) e Itacoatiara (1.9 km²).
Outras áreas de proteção ameaçadas no Estado são a Estação Ecológica Juami-Japurá, Parque Nacional dos Campos Amazônicos, Reserva Extrativista Arapixi, Floresta Nacional de Balata-Tufari, Parque Nacional do Jaú e Floresta Nacional do Aripuanã.
Os dados abrangem as áreas atingidas com desmatamento com solo exposto, desmatamento com vegetação e mineração.
No caso amazonense, 113,19 km² foram em solo exposto e 2,6 km² em área de mineração.
COP26
O novo desmatamento recorde na região é divulgado dois dias após o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ter feito uma fala otimista sobre os compromissos do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia.
“Mantivemos o mesmo patamar alto de desmatamento na Amazônia neste outubro, mesmo com mais chuvas do que era esperado por causa do fenômeno La Niña. Isso demonstra claramente que as ações atuais do governo não têm efeito prático no chão”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Nas últimas duas semanas, avalia Ane Alencar, o governo brasileiro disse na COP26 que tem o desmatamento sob controle. Mas o Brasil real é o que os satélites mostram.
“Para cumprir as promessas feitas na Conferência do Clima, o governo precisa fazer mais do que fala. É possível mudar o quadro, mas é preciso agir imediatamente”, afirmou.
“As emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow. E o chão da floresta está nos dizendo que este governo não tem a menor intenção de cumprir os compromissos que assinou na COP26”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real